Portal de Eventos do IFRS, 3º Seminário de Educação Profissional e Tecnológica (SEMEPT)

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Dialogando com os saberes da restinga: a inscrição do outro no IFRS
Shaiane da Luz Rodrigues, Oranian dos Anjos e Silva, Pedro Fuzer Garcia, Milena Silvester Quadros

Última alteração: 31-10-2016

Resumo


O projeto “Dialogando com os saberes da Restinga: a inscrição do 'outro' no IFRS” direciona o olhar aos saberes que circulam pelo bairro da Restinga, os quais compõem um estilo de criatividade imanente às práticas populares. A intenção do projeto é resgatar alguns dos saberes que formam o universo das vivências desta comunidade, para que então passem a integrar os currículos dos diferentes cursos oferecidos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, localizado no próprio bairro da Restinga. A intenção é tornar os saberes da Restinga referência nas abordagens em sala de aula. Partindo do princípio de simetrização entre cosmologias populares e conhecimentos científicos, a pesquisa visa desconstruir preconceitos e mecanismos de exclusão que estiveram historicamente associados à Restinga. Os primeiros moradores do bairro, quando desalojados de suas casas situadas nas “vilas de malocas” no centro de Porto Alegre, por volta de 1967, precisaram agenciar estratégias criativas para lidar com situações limitantes, tais como a inexistência de transporte urbano, a necessidade de construir, eles próprios, suas moradias e suas redes de saneamento básico, elaborarem seus próprios modelos e marcadores geográficos, bem como a necessidade de criarem meios para enfrentar a ausência de outros serviços básicos, como de saúde e educação. Ao ultrapassar a imagem pejorativa construída sobre o bairro, veremos que a necessidade de enfrentar condições adversas tornou a Restinga um centro produtor de saberes e de práticas complexas que agem por multiplicidade e metamorfose. Os primeiros resultados nos levaram em direção aos modos de organização política e de luta por direitos sociais.  Percebemos que a política, como modalidade de saber popular próprio da Restinga, caracteriza-se por um fazer em movimento que está ligado à necessidade de defender a vida.  As primeiras impressões nos dizem que a política é uma atividade com grande participação de mulheres que atuam na luta por direitos como escola e saúde para seus filhos e familiares. Tendo como objetivo achar soluções para combater alguma necessidade, a política não está enraizada em instituições ou entidades fixas, como partido político, ONGs, Associações comunitárias. As instituições existem, mas as soluções dos problemas e a luta política passa pela atuação de pessoas (lideranças comunitárias) que se reúnem em arranjos móveis sempre em movimento. Os resultados parciais da pesquisa foram alcançados por meio de múltiplas narrativas reunidas durante trabalho etnográfico e entrevistas abertas que foram realizadas no primeiro semestre do ano de 2016.

 


Palavras-chave


Saberes Populares; Luta política; Exclusão social

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