Última alteração: 23-10-2017
Resumo
As estruturas de dominação sobre o corpo feminino são produto de um trabalho incessante e histórico de reprodução, para o qual contribuem agentes específicos como homens - com suas armas como a violência física e a violência simbólica - e instituições como famílias, Igreja, escola, Estado. A objetificação feminina perpassa os anos, a mulher se torna um objeto, passiva das vontades dos homens. Essa doutrinação é incentivada direta e indiretamente pelo seu meio social, através de hábitos, comportamento, alimentação, prazeres, intervenções médicas e tecnológicas. Bourdieu (2002) afirma que os dominados aplicam categorias construídas do ponto de vista do dominante às relações de dominação, fazendo com que estas sejam vistas como naturais. Através dessa opressão as mulheres aprendem desde cedo a “reproduzir” esse machismo e a agradar a classe masculina. O presente trabalho tem a intenção de analisar a construção corporal através da cultura, já que o corpo é produzido historicamente e não um dado da natureza, é uma produção discursiva e significada através de práticas e atos (BUTLER, 1999; FOUCAULT, 2014). O corpo não se dá somente através do que é físico, não é somente definido pelas características biológicas que ele apresenta, mas também pelo meio que exerce influência sobre ele, ou seja, pelas marcas culturais, históricas e sociais que a ele foram incumbidas. É, então, mais social que individual. Focamos o estudo principalmente no corpo feminino, cujo discurso dominante, masculino, pertenceu em um primeiro momento à Igreja e, posteriormente, à medicina para mostrar como esse sempre foi controlado e fiscalizado. O objetivo é entender a construção da moralidade e do controle, a doutrinação e a padronização desses corpos através dos discursos sobre sua aparência e vestimenta, refletindo sobre as mudanças dadas aos padrões corporais femininos nos últimos séculos e, também, compreender as relações de poder por trás de tais mudanças. Para dar conta do tema proposto fazemos uma revisão bibliográfica na literatura antropológica e historiográfica sobre o corpo e sobre o corpo feminino, além de análises de dados secundários como sites e revistas. Através da revisão bibliográfica e de análises de fontes, é possível concluir que o corpo feminino esteve sempre na mira de diferentes instituições, sendo alvo de controle e privação. Este corpo não é universal, fixo e imutável, mas sim provisório e suscetível as intervenções do seu meio, atravessado pelas redes de poder e por padrões instituídos em nome da saúde e da beleza em diferentes épocas e contextos.