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Parcerias interinstitucionais: uma alternativa para aprimorar as aulas práticas de microscopia nas escolas públicas
Aline Farias de Oliveira, Marilise Duarte Scherer Aroni, Ângelo Cássio de Magalhães Horn, Diego Hepp, Márcia Bündchen

Última alteração: 20-10-2017

Resumo


Para o ensino de Biologia as aulas práticas têm papel central no processo de ensino-aprendizagem, pois repassam conceitos, dando maior significado aos conteúdos e despertando o interesse e a curiosidade dos alunos (LEITE et al., 2005). Assim, aulas práticas promovem o estudo mais dinâmico, ilustrado e contextualizado e tornam o ensino e aprendizado mais efetivo (REIS et al., 2010). Infelizmente, a maioria das escolas públicas brasileiras não dispõe de laboratórios adequados para a realização de atividades de cunho prático (Castro, 2017).

No estado do Rio Grande do Sul é este o quadro, sendo que a formação básica das crianças e jovens é frequentemente levada a termo sem que haja acesso às mais elementares práticas destinadas à iniciação científica e ao favorecimento da compreensão dos conteúdos teóricos. No caso do estudo de temas que envolvam microscopia, a situação se agrava uma vez que os equipamentos estão ausentes, ou são poucos (um por escola, muitas vezes), ou ainda, não recebem a manutenção adequada reduzindo as aulas de microscopia – um tema instigador – a explicações teóricas com o uso de livros e figuras.

Neste trabalho relata-se a experiência de ensino e aprendizagem realizada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre (IFRS-PoA) com a Escola Estadual de Ensino Fundamental do Estado do Rio Grande do Sul (ERGS) visando aprimorar as aulas práticas de microscopia dos alunos do ensino fundamental.

Uma vez que a ERGS não dispõe de laboratórios com estrutura e equipamentos específicos para este fim, o estabelecimento de uma parceria com o IFRS-PoA vem proporcionando a realização de aulas práticas mais contextualizadas nas quais os estudantes tem acesso a equipamentos de qualidade e em quantidade suficiente para que possam explorar as diferentes habilidades e competências relacionadas com o manuseio e observação ao microscópio óptico e estereoscópico.

A parceria teve início informalmente, por iniciativa da professora de Ciências e, posteriormente foi formalizada por meio de um programa de extensão criado no IFRS-PoA com a finalidade de fomentar o estudo de microscopia nas escolas públicas. Assim, o programa de extensão “Um mundo através das lentes!” atende a alunos de ensino fundamental e médio das escolas públicas de Porto Alegre e região metropolitana realizando uma série de atividades vinculadas aos conteúdos regulares e que façam uso dos instrumentos de microscopia e proporcionando a estes estudantes aulas práticas com melhor nível de instrumentalização do que aquele disponível na escola, sempre com a participação direta do professor na concepção e desenvolvimento das práticas.

A parceria também envolve os bolsistas do Programa Interinstitucional de Iniciação à Docência (PIDID) que atuam na ERGS e faz uso da estrutura laboratorial implementada no IFRS-PoA com recursos do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE). No caso dos alunos da ERGS, já foram realizadas atividades sobre diferentes temas curriculares incluindo seres vivos (Reinos Monera, Protista e Fungi), Reprodução das Plantas e Histologia Animal.

Os resultados iniciais estão sendo verificados por meio de questionários de satisfação, pela avaliação qualitativa da participação durante a realização das atividades, pelos roteiros de aula prática que são respondidos e também pelo acompanhamento e  avaliação posterior às atividades, na escola. A utilização dos equipamentos ópticos vinculada os desenvolvimento de atividades de estudo sobre os temas curriculares tem contribuído para a melhoria do aprendizado dos estudantes. Esta inferência tem se revelado não somente pela satisfação demonstrada em realizar as atividades como também nos resultados das avaliações na escola, onde o percentual de alunos que não atingem o aprendizado esperado vem sendo reduzido.

Em síntese, a sinergia representada pela parceria entre diferentes instituições, utilizando os recursos humanos e materiais de diversos projetos e programas está contribuindo diretamente para a melhoria da aprendizagem de uma parcela dos alunos da rede pública. Nossos resultados permitem acreditar que iniciativas como esta favorecem a educação científica dos alunos da rede pública. No entanto, a proporção de alunos que podem ser atendidos por ações deste tipo é restrita e cabe aos entes federativos, estado e município, a responsabilidade direta em fornecer as condições adequadas de ensino e aprendizagem em suas escolas.

 

Referências

CASTRO, F. de. Escassez de laboratórios de ciências nas escolas brasileiras limita interesse dos alunos pela física. Revista Educação, v. 239, 2017. Disponível em: http://www.revistaeducacao.com.br/escassez-de-laboratorios-de-ciencias-nas-escolas-brasileiras-limita-interesse-dos-alunos-pela-fisica/. Acesso em: 02 out. 2017.

LEITE, A. C. S.; SILVA, P. A. B.; VAZ, A. C. R. A importância das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a percepção dos alunos do PROEF II. Revista Ensaio, v. 7, n. 3, p.1-16, 2005.

REIS, F.M.; PARREIRA, F.L.D., OLIVEIRA, R.C. A importância dos estudos dirigidos como atividade extraclasse na formação docente inicial. 2010. In: Anais do X Encontro de Pesquisa em Educação da ANPED Centro-Oeste Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Disponível em: http://www.pibid.prograd.ufu.br/sites/default/files/Reis%20et%20al.ANPED_.pdf. Acesso em: 16 de fev. de 2016.


Palavras-chave


aulas práticas; ensino de biologia; ensino de ciências; educação científica

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