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A linguagem da neurose obsessiva
Kamilly Martins Sarturi, Rogério Foschiera

Última alteração: 01-10-2024

Resumo


A linguagem da neurose obsessiva busca, dentro do projeto de pesquisa “A centralidade da linguagem na experiência psicanalítica”, fazer uma releitura dos estudos realizados por Sigmund Freud e Jacques Lacan, procurando compreender se a linguagem desempenha uma função essencial na psicanálise. O tema escolhido se baseia no fato de que os indivíduos com neurose obsessiva frequentemente desconhecem a origem dela, e isso ocorre, pois, segundo Freud, a causa dessa condição permanece inconsciente no aparelho psíquico. Posto isso, a linguagem torna-se fundamental para acessar o inconsciente do paciente, já que ele utiliza da fala para revelar os seus conflitos internos ao psicanalista, o que ajuda no tratamento dessas neuroses. Assim, o presente trabalho busca compreender a importância e o papel da linguagem na psicanálise, identificar os principais conceitos que fundamentam a compreensão psicanalítica sobre o papel da linguagem e aprofundar a importância das relações conceituais entre as obras de Jacques Lacan e de Sigmund Freud. Durante esta pesquisa foram realizadas leituras sobre a temática da neurose obsessiva na psicanálise, com a intenção de analisar e interpretar as suas principais ideias e relações de forma didática, e também demonstrando a ligação entre a impossibilidade de satisfazer desejos e os sintomas obsessivos que surgem de maneira inconsciente no sujeito. O trabalho utiliza uma abordagem de pesquisa qualitativa e uma metodologia hermenêutica, com base na interpretação de obras selecionadas de Jacques Lacan e Sigmund Freud e com o auxílio de comentadores, como a autora Maria Anita Carneiro Ribeiro. O processo é dialético, no sentido de colocar em diálogo, autores, comentadores, relatos de experiências e percepções coletadas na vivência da realidade atual. A pesquisa obteve resultados parciais, o que permite a criação de um material dinâmico que pode oferecer uma perspectiva contemporânea, freudiana e lacaniana sobre a temática da neurose obsessiva. Então, após demonstrar como ela se desenvolve, é realizada a contextualização da linguagem presente nas neuroses. Logo, é conclusivo que as neuroses vêm de conflitos não resolvidos na infância e de desejos reprimidos que ficam inconscientes no aparelho psíquico. Segundo Freud, isso ocorre, pois a repressão é um mecanismo de defesa do ego que protege o indivíduo de conflitos internos, suprimindo desejos instintivos do id, geralmente sexuais ou agressivos, que entram em choque com as normas sociais internalizadas pelo superego. Quando esses desejos são considerados inaceitáveis ou ameaçadores, o superego atua como um censor, empurrado-os para o inconsciente, onde permanecem reprimidos e podem ressurgir como neuroses obsessivas que caracterizam-se por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Na linguagem, a metonímia, figura de linguagem que substitui termos, é fundamental para entender a neurose obsessiva, pois é um dos principais processos linguísticos que estruturam a linguagem do inconsciente. Lacan comparou-a ao deslocamento freudiano, onde significados são transferidos entre significantes, permitindo, assim, que o obsessivo lide indiretamente com seu desejo reprimido através do sintoma. Dito isso, a linguagem obsessiva é caracterizada por um uso peculiar do significante e estruturada pela metonímia. Portanto, a análise desse processo linguístico é crucial para entender a neurose obsessiva na psicanálise.



Palavras-chave


Neurose Obsessiva; Desejos; Inconsciente

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