Última alteração: 21-10-2021
Resumo
Durante o planejamento participativo de uma aula de Educação Física no IFRS campus Rolante, elegeu-se o racismo no futebol como tema para as aulas. Foram construídos seminários e os(as) estudantes deveriam apresentar um trabalho tendo como leitura obrigatória um artigo científico sugerido pelo professor e outras fontes complementares como reportagens em mídias de grande circulação. Os debates focavam no conceito de racismo, pois havia dificuldade em entender as reportagens sem compreender o racismo. Um trabalho se destacou e foi apresentado na IV Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão. Percebemos que o trabalho merecia aprofundamento por meio de pesquisa cujo objetivo foi compreender como o racismo no futebol foi apresentado por alguns veículos de informação em 2019. Por meio de uma pesquisa qualitativa realizamos um levantamento em duas revistas online, R7 e UOL, utilizando os descritores “racismo no futebol” e “futebol e racismo”. Após o levantamento, as matérias encontradas foram lidas e classificadas em três categorias, racismo individual, racismo institucional e racismo estrutural. Como fundamentação teórica, fizemos a leitura do livro “Racismo estrutural” do autor Silvio Almeida nas reuniões do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação, Antirracismo, Gênero e Juventude (GEPEA/IFRS). Temos como base teórica o conceito de racismo discutido por ele no livro, o racismo individual que é aquele atribuído a um indivíduo ou coletivo como um comportamento ou uma ação específica cuja base é psicológica ou ética. A concepção institucional que é tratado como resultado do funcionamento das instituições e, por último, a concepção estrutural, nela o racismo é responsável por estruturar a sociedade segundo uma perspectiva política, jurídica e econômica. Na revista R7 tivemos o total de 4 reportagens que trataram do racismo no futebol, sendo 3 sobre a perspectiva individual, 1 sobre a perspectiva institucional e nenhum sobre a dimensão estrutural. Já na revista UOL, encontramos 34 matérias, sendo 15 sobre a dimensão individual, 13 sobre a dimensão institucional e 6 sobre a dimensão estrutural do racismo. Concluímos que, por um lado, a maioria das matérias publicadas ainda apresentam uma concepção individualista de racismo, reforçando uma perspectiva que pouco contribui para o combate ao racismo em nossa sociedade, por outro lado, algumas matérias avançam no sentido de problematizar a participação dos clubes, federações e confederações como instituições que precisam participar do combate ao racismo.