O número de pessoas que estão se aventurando na produção caseira de cerveja artesanal vem aumentando gradativamente e os resíduos úmidos (bagaço) gerados, se não receberem destinação adequada, podem proporcionar problemas ambientais. Atualmente, o descarte é utilizado como ração animal, adubo, combustível e em saborosas receitas. No entanto, surge a necessidade do estudo de alternativas de reaproveitamento dos resíduos, considerados ricos em material biológico. Assim, destaca-se a realização de ensaios biológicos utilizando bioindicadores para o monitorar da atividade de extratos, frações e compostos químicos liberados no ambiente por meio do potencial alelopático e citotóxico. O termo alelopatia se refere a qualquer efeito direto ou indireto danoso ou benéfico que uma planta (incluindo microrganismos) exerce sobre outra, pela produção de substâncias liberadas no ambiente. Já a citotoxicidade de uma substância pode ser avaliada através de alterações no processo de divisão celular sobre o organismo-teste e pela incidência de mutações cromossômicas, como quebras cromatídicas, pontes anafásicas, perda de cromossomos inteiros ou formação de micronúcleos. Uma vez determinada a potencialidade de uma espécie e/ou substância, através de testes de laboratório utilizando bioindicadores, os resultados poderão ser levados a campo, servindo para contribuir de forma integrada com os métodos de plantio direto, rotação e consórcio de culturas de forma que os próprios vegetais forneçam os componentes necessários, podendo resultar em maior produtividade ou redução de custo. Pensando nisso, o presente trabalho visa verificar, por meio de ensaios biológicos, o potencial alelopático e citotóxico do bagaço oriundos da produção de cerveja artesanal sobre a germinação de sementes de alface (Lactuca sativaL.) e cebola (Allium cepaL.), utilizadas como bioindicadores, com o intuito de buscar novas alternativas de reaproveitamento rejeitos sem destinação adequada. Para tanto, resíduos obtidos de produtores locais, foram secos, triturados e utilizados na forma de extratos aquosos, constituindo os tratamentos: 0 (água destilada); 2; 5; 10 e 20%. Até o presente momento, as concentrações dos extratos estão sendo testadas, assim como o tempo de secagem do bagaço e a temperatura da germinação das sementes. Após a instalação do experimento, os bioindicadores serão avaliados quanto: índice de velocidade de germinação; teste de primeira contagem; teste de germinação ou de germinabilidade; análise de crescimento; índice mitótico e a presença de aberrações cromossômicas. Assim, com base nos resultados observados, o trabalho será capaz de caracterizar alternativas viáveis de aplicação desses resíduos que não possuem destinação adequada, contribuindo para a qualidade ambiental, impedindo possíveis efeitos deletérios dessa atividade e detectar os efeitos positivos ou negativos dos mesmos sobre a agricultura.