Portal de Eventos do IFRS, Volume 3, 2019

Tamanho da fonte: 
Algumas considerações sobre os parâmetros da Educação Básica na área de Matemática no Brasil
Andressa Abreu da Silva, Eliana Maria do Sacramento Soares

Última alteração: 31-08-2019

Resumo


Este trabalho apresenta algumas considerações acerca da aprendizagem de Matemática na
Educação Básica a partir de uma análise de dados divulgados em 2018 do SAEB - Sistema de
Avaliação da Educação Básica – 2017. Esses dados se referem à disciplina de Matemática para o
5º ano e 9º ano do Ensino Fundamental e para a 3ª série do Ensino Médio, em nível nacional,
estadual e municipal. O SAEB é um sistema de avaliação em larga escala realizado pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) periodicamente (INEP,
2019c). A pesquisa tem como objetivo analisar a aprendizagem dos estudantes em Português e
Matemática, em cada etapa final da Educação Básica, em escolas públicas ou privadas, sejam elas
municipais ou estaduais, urbanas ou rurais. Para cada ano escolar foram considerados 11 “níveis
de aprendizagem diferentes”, de 0 a 10, relacionados à pontuação e aos conhecimentos que os
alunos supostamente devem possuir naquele determinado nível. A pontuação diz respeito aos
resultados que podem ser obtidos nas provas objetivas que são feitas pelos estudantes e os níveis
de aprendizagem relacionam a pontuação aos conhecimentos matemáticos e habilidades. Os
níveis de 0 a 3 são considerados insuficientes, isto é, os alunos fazem somente as relações com o
cotidiano, como relações monetárias. Os níveis de 4 a 6 são considerados básico, assim, neste
nível, os alunos conseguem lidar um pouco com conteúdos abstratos, como semelhança de
triângulos. Por fim, os níveis de 7 a 10 são considerados adequados, portanto os alunos
conseguem lidar com conteúdos mais abstratos, como relações trigonométricas. A partir de um
delineamento metodológico articulando uma abordagem quantitativa e qualitativa, buscamos
identificar em qual nível os alunos da Educação Básica se encontram e quais habilidades
matemáticas eles deveriam possuir nos determinados níveis, segundo o SAEB. Os resultados
podem ser úteis para professores de Matemática pensarem em reorganizar suas estratégias de
aprendizagem matemática, destacando a importância de desenvolver a capacidade de associar,
relacionar e reconhecer como habilidades matemáticas relevantes nos níveis de aprendizagem
apresentados e indo além da relacionada a calcular. A partir de nossa análise preliminar, indicamos
que as médias dos alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio em
nível nacional, estadual e municipal não ultrapassaram o nível 5, mantendo-se entre 224 pontos a
283 pontos, sendo consideradas na categoria insuficiente ou básica. Nessas categorias, os
alunos possuem habilidades mais relacionadas ao concreto e cotidiano, como contagem de blocos
e relações monetárias, não apresentando ainda habilidades relacionadas à abstração. Para
estarem na categoria considerada adequada, na qual as habilidades estão mais voltadas à
abstração, as médias dos anos deveriam ser superiores a 275, 350 e 375, para o 5º ano, 9º ano e
3ª série, respectivamente. Ainda, observamos que as médias decaíram ao longo dos anos
escolares. Assim, uma análise dos dados do SAEB 2017 revela que a maioria dos alunos na
Educação Básica possui habilidades básicas ou insuficientes em Matemática. Esse cenário mostra as dificuldades apresentadas pelos alunos com o processo de aprendizagem matemática, bem
como coloca em foco a demanda e desafios para os docentes a fim de redimensionar sua prática
pedagógica buscando criar alternativas de práticas docentes que possam auxiliar no
desenvolvimento da aprendizagem matemática relacionadas às habilidades recomendadas pelo
SAEB. Algumas considerações preliminares para auxiliar nesse desafio, baseado em Becker
(2012), dizem respeito a práticas que possam ir além daquelas baseadas em cálculo mecânico,
focando em tarefas que levem o aluno a pensar e significar suas ações. Esse autor recomenda que
o professor precisa sair do papel de que dá instruções e faz discursos, para ser mediador e
interagir com seus alunos. Ainda, Becker (2012) infere que as concepções dos professores dessa
área do conhecimento podem interferir na sua prática docente, sendo necessário revisar seus
próprios conceitos para planejar sua prática.

Palavras-chave


SAEB. Educação Básica. Aprendizagem Matemática.

Texto completo: PDF