As narrativas presentes na memória das comunidades tradicionais afro-brasileiras oferecem um subsídio rico para o trabalho na escola. Todavia, essas culturas são silenciadas ou pouco representadas no espaço escolar. Essa situação é resultado de um processo de colonização que marcou com violência e desrespeito a identidade e a história desses povos. Falando-se das escolas de educação básica da região norte do Rio Grande do Sul, cenário em que desenvolvemos a presente pesquisa, observa-se que os jovens que ali estudam têm pouco ou nenhum conhecimento da existência das narrativas que perfazem a cultura afro-brasileira na região. Muitas vezes nem têm o conhecimento de que existem comunidades quilombolas próximas às suas residências. Já os jovens estudantes negros e/ou quilombolas, quando matriculados em escolas de educação básica da região, sofrem ainda mais com esse processo, pois suas culturas parecem invisíveis no espaço escolar, tendo unicamente que estudar as culturas que não representam sua formação identitária. Por essa razão, esse projeto tem como objetivo investigar, junto às comunidades quilombolas da região norte do Rio Grande do Sul (Arvinha e Mormaça), as narrativas orais que perpassam o cenário e a memória dessas comunidades a fim de que esse material seja suporte principalmente para professores da região. A metodologia da pesquisa está fundamentada na história oral, possibilitada pela escuta de narrativas orais coletadas em comunidades quilombolas da referida região e com o apoio do trabalho planejado junto aos estudantes bolsistas do projeto. Os pressupostos teóricos nos quais se fundamenta a pesquisa se sustentam na metodologia da pesquisa das narrativas orais. Também traremos à discussão os estudos da interculturalidade, modos de produção de conhecimentos e práticas socioeducativas que podem ser propostas nos espaços sociais. Com o início do projeto, esteve prevista inicialmente a instrumentalização teórica com a busca de conceitos-chave da metodologia da pesquisa de narrativas orais. As bolsistas também fizeram os primeiros contatos com a comunidade e o levantamento de dados do território, identificando os moradores que poderão contribuir com o estudo. A pesquisa está em sua fase inicial, mas os primeiros resultados demonstram que as estudantes envolvidas no projeto relatam que a experiência está sendo positiva, visto que elas mesmas não conheciam muitas das narrativas de suas próprias comunidades, o que demonstra a motivação para as próximas fases do cronograma. Tais atividades favorecem a reflexão sobre a importância de projetos que valorizem a temática do ensino da cultura afro-brasileira na escola e assim, a proposição de currículos que respeitem a diversidade cultural brasileira.