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Modelo dos múltiplos fluxos na análise da formação de agenda da política educacional: o caso da sociologia no ensino médio
Milena Szalyga Cordeiro, Gustavo Conde Margarites

Última alteração: 17-10-2024

Resumo



A pesquisa sobre presença do componente curricular de Sociologia no ensino médio brasileiro, iniciado no ano de 2024, tem como intuito compreender, a partir do debate público retratado na imprensa, os determinantes para as frequentes inserções e retiradas da disciplina nas escolas. Pretende-se identificar como o pensamento social vigente sobre o tema, com diferentes opiniões acerca da presença da Sociologia nas escolas, influenciou esse processo nos diferentes períodos. A análise do debate público sobre essa questão foi realizada a partir de notícias da época, relacionando-as aos períodos históricos brasileiros. Para isto, adotou-se uma abordagem qualitativa com a análise de conteúdo das notícias e textos opinativos que tratavam da temática no jornal Folha de São Paulo. A pesquisa englobou matérias desde o ano 1982 até 2023, abrangendo o espaço temporal desde a abertura democrática e a reforma educacional de 1982, até a atualidade. Diante disso, foi possível identificar quatro períodos principais em que a Sociologia nos currículos escolares entrou em pauta. Da década de 80 até 1995, em que a discussão ocorria no âmbito estadual, com cada estado tendo liberdade para decidir sobre sua implementação. De 1995 até 2001, onde o tema assume o caráter nacional, com uma lei aprovada pelo Congresso assegurando a obrigatoriedade da Sociologia no ensino médio, mas que foi revogada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seguida, há um período de discussão sobre a importância da disciplina que culmina na sua obrigatoriedade por meio de uma lei em 2008. Por fim, em 2015, com a reforma do ensino médio, a Sociologia perde espaço novamente, tendo a sua obrigatoriedade revogada. A análise também possibilitou identificar os principais argumentos mobilizados no debate. Os grupos favoráveis à Sociologia no ensino médio ressaltaram a importância desse conhecimento para o fortalecimento da criticidade dos estudantes, que é de suma importância. Já os detratores da medida salientaram que o componente seria utilizado para a doutrinação ideológica dos alunos e que o tempo dedicado à Sociologia prejudicaria o ensino de conteúdos considerados mais importantes. Perante esses resultados, conclui-se que os registros de imprensa são materiais empíricos importantes para a reconstrução dos processos que levaram à inclusão e retirada da Sociologia na educação básica e do debate público acerca desse tema. Por meio desse material foi possível identificar as diferentes fases do debate e os principais argumentos utilizados por defensores e detratores da Sociologia.



Palavras-chave


Sociologia; Ensino médio; Imprensa