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Sucessão geracional e desigualdade de gênero na agricultura: Perspectivas dos estudantes das ciências agrárias.
Graziela Corazza, Raquel Breitenbach

Última alteração: 04-10-2019

Resumo


Dificuldades na sucessão familiar nas propriedades rurais têm gerado debate nos meios acadêmico, político e sociais. Os jovens rurais têm considerado a migração para a cidade como alternativa para melhores condições de vida, estudo e trabalho. Sem sucessores, as propriedades rurais familiares ficam vulneráveis diante do futuro. Em contraponto, os jovens rurais que estudam em áreas das ciências agrárias têm mais possibilidades de permanecer no meio rural. Contudo, na agricultura, permanece a hegemonia da valorização do trabalho masculino ante o feminino, mostrando as distinções de gênero. Isto reflete também na academia, pois, apesar de ser observada uma adesão cada vez maior do público feminino, os homens ainda são maioria nos cursos relacionados à área agrícola. A presente pesquisa objetivou analisar as perspectivas de permanência no campo dos jovens rurais estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS)-Campus Sertão. Ainda, investigou as especificidades de gênero na permanência no campo e sucessão rural. O presente trabalho justifica-se pela necessidade de que as instituições de ensino contemplem discussões de gênero, buscando mudanças de atitude e de conceitos internalizados; bem como pelo importante papel que os cursos das ciências agrárias têm no processo sucessório na agricultura. Realizou-se pesquisa quantitativa em 2018. Os dados foram coletados com questionário fechado. A pesquisa contemplou a totalidade de estudantes que se declaram com origem rural do IFRS-Campus Sertão, sendo 386 jovens (36,9% dos estudantes). Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa PSPP, gerando análises univariadas (frequência) e bivariadas (teste Qui-Quadrado). Constatou-se que 76,6% dos jovens participantes da pesquisa são homens; 50,8% dos jovens demostraram alto interesse em permanecer no campo; 57,0% têm alto interesse em ser o gestor e 58,8% em ser o sucessor; as jovens mulheres têm menor interesse em permanecer no campo (34,7%) do que os jovens homens (56,3%). Ainda, 79,3% dos jovens participam do gerenciamento da propriedade; 72,0% ajudam os pais nas atividades agrícolas. A sucessão rural e o desejo de permanecer no campo são menores pelas jovens mulheres comparativamente aos jovens homens. As jovens mulheres encontram no campo um ambiente com menores oportunidades e recebem menor incentivo dos pais para permanecer no meio rural, desejando buscar emprego e morar na cidade. O fato de os jovens estarem estudando no ramo das ciências agrárias pode aumentar seu interesse em permanecer no campo e serem sucessores. Porém, não interfere na diferença de gênero entre os jovens rurais.

Palavras-chave


Formação profissional; Juventude rural; Desigualdade de gênero no campo.

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