Última alteração: 14-12-2018
Resumo
De todos os modos de produção concebidos pela Humanidade, o Capitalismo, sem dúvidas, mostrou-se como o mais dinâmico. Desde sua gênese, foram várias as configurações que assumiu e, até agora, foi capaz de emergir reinventado de todas as crises que o afligiram. Seguindo esta lógica, desde a década de 70, a Financeirização (fenômeno que marca a transição para um novo regime de acumulação do capital, onde as instituições, mercados e agentes financeiros aumentam sua proporção e influência sobre a sociedade) vêm pondo em curso um conjunto de alterações na economia capitalista que afeta, consequentemente, toda a realidade social. Ao mesmo tempo, a “questão ambiental” vêm se tornando cada vez mais evidente, através de grandes desastres ambientais e das já inquestionáveis mudanças climáticas. Este trabalho busca analisar dois dos mais graves desastres ambientais recentes (o rompimento da barragem da Samarco em Mariana e o vazamento da usina da Tepco em Fukushima-Daishi) articulados à sua totalidade social, e não como meras fatalidades técnicas ou naturais. Para isso, esses fenômenos serão considerados, principalmente, em suas dimensões econômicas, políticas e sociais. O trabalho está sendo desenvolvido duas etapas. A primeira consiste na revisão teórica da Financeirização e da Economia do Meio Ambiente, à fim de fornecer o ferramental teórico necessário à uma análise mais ampla dos desastres ambientais propostos. Os referenciais teóricos adotados são os Marxista e Pós-Keynesiano, que possuem uma longa trajetória de análise do processo de financeirização da economia. A segunda consiste na utilização destes subsídios teóricos em análises lógicas dedutivas e históricas do rompimento da barragem em Mariana e do vazamento da usina em Fukushima-Daishi. Serão consultados, também, documentos públicos das empresas em questão. O projeto encontra-se na primeira etapa, ou seja, a equipe está se apropriando dos conceitos e teorias adequados à análise que se propõe. No entanto, alguns pressupostos já foram estabelecidos, sendo o principal o de que os fenômenos analisados, antes de meras fatalidades, são consequência lógica do processo de acumulação do capital em seu regime atual, o capitalismo financeirizado. Isso ocorre, principalmente, em decorrência das práticas sociais estimuladas pela lógica econômica vigente. Essa lógica estabelece como função primordial e principal parâmetro de desempenho, em detrimento de responsabilidades sociais, a maximização de lucros, à fim de garantir a rentabilidade das empresas à seus acionistas, incentivando as mesmas à assumir e negligenciar riscos e cada vez mais aumentar cortes de custos.