Este resumo é resultado das reflexões elaboradas a partir pesquisa sobre a Campanha Diretas Já, no âmbito do Projeto de Pesquisa Diretas Já: a Campanha nas páginas do jornal Zero Hora. O trabalho tem como objetivo demonstrar como um dos principais periódicos do Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora, noticiou os eventos relacionados à campanha para eleição direta para Presidente da República, desde março de 1983 até o início do ano seguinte. A partir das leituras das publicações diárias da colunista Ana Amélia Lemos, na página quatro do Jornal Zero Hora, no mês de janeiro de 1984, constatamos a presença de algumas temáticas que se apresentam também nas charges de Marco Aurélio acerca da questão da abertura democrática e nos editoriais do jornal. Nas charges dos dias mais próximos à votação da Emenda Dante de Oliveira, marcada para o dia 25 de abril, Marco Aurélio adota um discurso de negociação, de comunicação entre as partes da sociedade, representadas no Congresso, como a saída necessária para resolução das questões em jogo, que, como percebe-se nos editoriais de Zero Hora, muito mais do que as questões da forma das eleições, eram a resolução da crise econômica do país. O posicionamento de Marco Aurélio está em sintonia com o posicionamento de Zero Hora por meio de seus editoriais, pautado em uma postura, não exclusiva para esse período e não específica desse órgão, que se relaciona àquilo que o historiador catalão Ricard Vinyes chamou de “ideologia da reconciliação”. Como conclusões podemos observar que editoriais e charge se encontram na mesma página, adotando um discurso similar, valorizando as personagens que adotam um discurso polido e moderado e defendendo a necessidade de diálogo em consentimento com a postura defendida pelo governo de uma abertura lenta, gradual e segura, atingindo públicos diferenciados, dadas as diferenças dos gêneros textuais.