Portal de Eventos do IFRS, 6º Seminário de Extensão (SEMEX)

Tamanho da fonte: 
O processo de escolarização de idosos do município de Veranópolis - RS
Mônica Possamai Carvalho, Mateus Magnun Antunes Batista, Alcione Moraes Jacques, Daniele dos Santos Fontoura, Francieli Fuchina, Michele Dóris Castro, Leandro Käfer Rosa, Marcos Vinícios Luft, Sandra Beatriz Rathke

Última alteração: 28-02-2019

Resumo


Conhecida como Terra da Longevidade, Veranópolis recebeu o título de Cidade Amiga do Idoso, pela Organização Mundial da Saúde, por concentrar no município a maior expectativa média de vida ao nascer do Brasil. Conta com o Grupo de Convivência da Longevidade com 250 idosos associados e o Grupo Conviver que integra 25 idosas em situação de vulnerabilidade social. Como forma de contribuir para a preservação das memórias, este projeto teve como objetivo a elaboração de um roteiro, para posterior produção de um documentário, que visa retratar a trajetória escolar de idosos do município de Veranópolis. A metodologia foi baseada em pesquisa documental sobre o tema e História Oral, com 24 idosas, entre 60 e 80 anos. Os resultados trouxeram reflexões importantes sobre os traços culturais dos imigrantes. Sob essa perspectiva, a maioria das entrevistadas relatou ter estudado em escolas localizadas nas Capelas, no interior do município. Tal fato, demonstra uma forma de organização social, onde a Capela constituiu o ponto de referência das comunidades italianas que se formaram junto a uma Igreja Católica, com cemitérios, salões de encontro, canchas de bocha, bodegas, escolas e casas no entorno. A religiosidade fortalecia os vínculos entre os imigrantes, que se mantinham unidos como grupo social na Nova Pátria. A reza antes das aulas, por exemplo, representava os valores identitários, consolidados pelas práticas e normas adotadas nas escolas. Sob o ponto de vista da relação familiar, priorizava-se o trabalho na roça, como forma de subsistência das famílias residentes em áreas rurais. Isso influenciou na escolarização dos idosos que precisavam se dividir entre as atividades escolares e as tarefas domésticas e do campo. O trabalho na terra sempre foi culturalmente importante e representava princípios que precisavam ser transmitidos aos filhos. A instrução, na verdade, tinha importância secundária. Por outro lado, as diferenças étnicas e sociais revelaram dificuldades enfrentadas por algumas entrevistadas. Se sentiam excluídos do ambiente escolar e da sociedade. Outras não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever porque precisavam trabalhar em casas de família com 7 anos de idade. Tais diferenças, muitas vezes, modelam a identidade de um grupo em relação ao outro. Em síntese, foi observado que oportunizar aos idosos que compartilhem as suas memórias, vivências e histórias de vida estimula um sentimento de pertença e valorização. Nesse sentido, estima-se que a produção do documentário possa trazer um novo sentido social e cultural e contribuir para uma sociedade participativa e inclusiva.


Palavras-chave


Escolarização; Terceira Idade; Documentário.

Texto completo: PDF