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Os prejuízos do consumo de bebidas alcoólicas na adolescência: um mal invisibilizado
Júlia Isadora Steinmetz da Rosa, Getúlio Sangalli Reale

Última alteração: 28-12-2024

Resumo


O consumo de bebidas alcoólicas matou 2,6 milhões de pessoas no mundo, e 91,9 mil pessoas no Brasil no ano de 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ou seja, 4,6% de todas as mortes no mundo e 6,8% de todas as mortes no Brasil no ano de 2019 foram causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, segundo o IBGE, 63,3% dos adolescentes entre 13 e 17 anos afirmaram já ter experimentado bebidas alcoólicas. Estes dados são alarmantes, já que a adolescência é uma fase crucial no desenvolvimento humano e marcada por transformações físicas e mentais que nos formam como cidadãos adultos. Em nosso projeto de pesquisa sobre as controvérsias em torno das transformações do tratamento social e jurídico da Cannabis (maconha) no Brasil, notamos que a população em geral, e até mesmo instituições e agentes poderosos, percebem a maconha como um droga muito perigosa e prejudicial (e por isso criminalizada), enquanto que o álcool está normalizado, invisibilizado e legalizado, apesar das evidências científicas indicarem que o álcool é uma droga com poder nocivo muito mais elevado. O objetivo deste estudo é problematizar essa realidade apresentando achados científicos sobre como o consumo de álcool afeta a saúde e o comportamento dos adolescentes. O método consistiu em uma revisão bibliográfica narrativa com artigos nacionais e internacionais que tratam do tema. Os resultados mostram que o consumo elevado de álcool por adolescentes altera o desenvolvimento normal de maturação da massa cinzenta e branca, afetando os lobos frontal e temporal, causando déficits cognitivos. Causa diminuição da atividade cerebral basal nas regiões frontal, parietal, cerebelar e do estriado dorsal prejudicando a memória visual operacional, e o componente emocional da tomada de decisões, entre outros. Consequentemente, estes adolescentes, num periodo de até 20 anos depois da adolescência, têm: 2 vezes mais probabilidade de morrer prematuramente do que aqueles que bebem moderadamente, tendo como principais causas acidentes de trânsito, suicídios, psicose alcoólica e intoxicação alcoólica; 8 vezes mais probabilidade do que abstêmios de se envolverem em acidentes de trânsito na idade adulta; 1,7 vezes mais chance de cometer suicídio; 1,8 vezes mais probabilidade de ter alguma hospitalização psiquiátrica; 25% menos chance de completar uma faculdade.  Por fim, o consumo elevado de álcool na adolescência é preditor de qualquer condenação criminal e do consumo de outras drogas na vida adulta, mesmo quando outros fatores de vulnerabilidade social são isolados e controlados estatisticamente. Assim, a preocupação com o consumo de álcool por adolescentes deveria ser muito maior por parte de pais, responsáveis e instituições de ensino do que é atualmente, sendo necessário repensar as crenças e os modelos de tratamento jurídico, social e educacional das substâncias.

Palavras-chave


bebidas álcoolicas; ciência do álcool; malefícios sobre o álcool

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