Última alteração: 28-12-2024
Resumo
Embora existam políticas voltadas para a garantia da educação inclusiva, a acessibilidade escolar ainda é uma realidade em apenas 0,1% das instituições de ensino brasileiras, segundo o Censo Escolar 2023. Nesse contexto, é importante destacar o aumento significativo dos diagnósticos do Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH) entre os estudantes, uma condição do neurodesenvolvimento que atua nas funções executivas do cérebro, refletindo na dificuldade de concentração, organização e controle emocional do indivíduo. Diante disso, torna-se essencial adaptar continuamente materiais e metodologias para assegurar um ensino igualitário, mitigando a segregação de alunos com esta condição. Assim, o projeto intitulado “Desenvolvimento de materiais paradidáticos para o ensino de Geografia a partir do conceito de desenho universal de aprendizagem” adotou as necessidades educacionais específicas (NEE) como critério na confecção de recursos didáticos. Para isso, serão incluídos materiais impressos, visuais e táteis, visando atender a proposta do Desenho Universal de Aprendizagem (DUA) de tornar a sala de aula mais interativa e equitativa. Os procedimentos metodológicos da pesquisa partem da eleição de conteúdos e tópicos da disciplina de Geografia I, priorizando aqueles com maior densidade de informação e as dificuldades relatadas pelos alunos. Após essa seleção, iniciou-se a redação dos textos-base, etapa em que os bolsistas elaboram ilustrações conforme a complexidade ou abstração dos conceitos geográficos. Assim, os desenhos foram confeccionados com o uso de traços nítidos, espessos e em escala de preto e branco, garantindo a objetividade da informação ao evitar a utilização de texturas, sombreamento e luzes excessivas. Por outro lado, considerando a escrita, a equipe realizou pesquisas voltadas para a adaptabilidade da estrutura textual, levando em conta as dificuldades do estudante com TDAH. Obtém-se como resultados critérios de tipografia, uso de fontes ampliadas e sem serifa, e de sintaxe, já que o seccionamento do texto em frases concisas promove uma maior fluidez na leitura do aluno. Na continuidade do projeto, os recursos planejados para o texto-base, incluindo pinturas, diagramas, legendas, ilustrações e fotografias, serão transpostos para um livro digital autoadaptativo. O objetivo é que o material seja flexível, permitindo que o estudante personalize a organização do texto, ative a audiodescrição ou torne-o mais lúdico conforme suas preferências. Por fim, espera-se que, à medida que os materiais paradidáticos forem desenvolvidos, eles sejam testados com os alunos do campus. Essa experimentação permitirá uma adaptação mais refinada, baseando-se nas reais necessidades e singularidades de cada estudante. A adaptação da educação, juntamente com a fundamentação no DUA, criará um ambiente de aprendizagem significativo e leve, incluindo aqueles neurodivergentes. A educação se constroi a partir das relações sociais e da valorização das singularidades de cada estudante, buscando o processo de aprendizado mais significativo e inclusivo.