Última alteração: 28-12-2024
Resumo
O monitoramento costeiro, nos seus moldes convencionais, utiliza metodologias que exigem uma grande logística e contínuo investimento financeiro. O desenvolvimento de ferramentas capazes de analisar e solucionar problemas em caráter interdisciplinar tem sido cada vez mais necessárias entre os gestores costeiros. Contudo, na maior parte do tempo, esse tipo de iniciativa não dialoga com a sociedade e desconsidera o conhecimento cívico. Nos últimos anos, a ciência cidadã tem crescido e oportunizado uma nova forma de partilhar o conhecimento. A partir do exposto, o presente trabalho busca caracterizar o papel do tripé ensino, pesquisa e extensão no projeto CoastSnap RS, o qual tem como foco estudos ligados à ciência cidadã e meio ambiente, sendo coordenado pelo IFRS. A iniciativa CoastSnap surgiu na Universidade de Nova Gales, na Austrália em 2017. Tendo como base o monitoramento costeiro participativo, a rede tem se espalhado pelos litorais, utilizando o conceito de ciência cidadã para a coleta dos dados utilizados nas pesquisas. No Rio Grande do Sul, o projeto CoastSnap possui duas estações situadas em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul. As estações são plataformas de aço inoxidável fixas a bases já existentes, os locais são escolhidos estrategicamente, esses devem ter uma boa visada para a praia, serem de fácil acesso e terem uma boa circulação de pessoas. Os dados coletados pelos cientistas cidadãos com seus smartphones são armazenados, processados e utilizados para a extração da linha de costa das praias, e determinação do grau de densidade de usuários nos períodos de veraneio. Ao todo as duas estações CoastSnap RS somam mais de 2000 imagens, sendo elas 1520 da Praia da Cal e 575 da Praia da Guarita. O grande número de imagens revela o grande envolvimento da comunidade com a iniciativa CoastSnap, sendo o retorno para a comunidade feito a partir das redes sociais do projeto. Ao longo de um ano foram observados diversos grupos escolares em visita às estações do CoastSnap, os quais focam na importância do projeto para preservação do ambiente costeiro. As divulgações também foram feitas via redes sociais do projeto. Por fim, por ser uma metodologia inovadora e de baixo custo, o CoastSnap RS reafirma o papel de popularização da ciência e do Instituto Federal na difusão da ciência cidadã nas comunidades costeiras do RS.