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Estado, violência e as margens : um estudo sobre a atuação das lideranças comunitárias no bairro Restinga
Amanda Martins dos Reis, Helena Patini Lancellotti, Maria Eduarda Beteli da Costa

Última alteração: 28-12-2024

Resumo


O objetivo desta pesquisa é compreender a relação entre a atuação de lideranças e associações comunitárias e o suposto elevado índice de registros de ocorrências de violência contra as mulheres no bairro Restinga, localizado em Porto Alegre. A motivação para esta questão surgiu a partir de diálogos com a Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, nos quais foi apontado o suposto alto número de denúncias de violência contra a mulher nesse bairro periférico. A Restinga, que carrega vários estigmas em relação à segurança e possui um longo histórico de engajamento popular, é um território essencial para analisar os processos envolvidos no combate à violência contra a mulher. Além do objetivo geral, temos como objetivos específicos: a) entender como as lideranças atuam no combate à violência contra as mulheres no bairro Restinga; b) identificar as estratégias que essas lideranças adotam na relação com as vítimas, como a Lei Maria da Penha é compreendida por elas e quais redes de apoio e cuidado são acionadas. Para isso, realizamos uma pesquisa qualitativa, composta por ciclos: a) mapeamento de instituições e lideranças; b) trabalho de campo envolvendo a observação participante; c) análise dos dados. Fizemos um pequeno levantamento por meio das redes de contato do bairro, aproximando-nos do grupo Marias. Como resultados parciais, observamos, durante dois meses de participação no grupo, a incidência que ele tem na vida das mulheres que frequentam suas atividades: o espaço instiga o debate sobre a violência de gênero por meio das propostas das oficinas e outras atividades, inserindo-se no cotidiano dessas mulheres de maneira que constrói um ambiente onde elas se sintam acolhidas e seguras para compartilhar caso estejam sendo vítimas de alguma forma de violência. Como conclusões parciais, percebemos que as oficinas de artesanato e arte, os espaços sobre empreendedorismo e os cursos realizados no Marias em parceria com outros programas são ferramentas importantes para formar redes de apoio e cuidado, com o propósito de incentivar a autonomia financeira e a autoestima das mulheres. Além disso, a observação das atividades nos levou a questionar o próprio significado de "lideranças": as participantes do projeto, ao vivenciarem as atividades propostas, não seriam também veículos de propagação dessas informações em suas redes de vizinhança, ou seja, lideranças comunitárias? Dessa forma, entendemos que o projeto não se encerra neste momento, buscando contemplar as dúvidas que surgiram ao longo do caminho e, principalmente, objetivando desenvolver práticas e atividades que integrem a comunidade do bairro e o IFRS - Campus Restinga no combate à violência contra a mulher.


Palavras-chave


Violência contra as mulher; Lideranças comunitárias; Antropologia do Estado

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