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Biologia reprodutiva de Tropaeolum pentaphyllum Lam. (Tropaeolaceae), em Sertão (RS)
Última alteração: 28-12-2024
Resumo
A geófita Tropaeolum pentaphyllum Lam. (crem) é nativa da Mata Atlântica, porém encontra-se ameaçada de extinção, devido a destruição do seu hábitat natural e/ou extração in situ de seus tubérculos. O objetivo deste estudo foi conhecer a biologia reprodutiva de T. pentaphyllum. Para isso, foram avaliados: fenologia (atividade e intensidade das fenofases: brotação de tubérculos, botões florais, flores, frutos e senescência do sistema caulinar aéreo); longevidade floral; duração das fases estaminada e pistilada; volume e concentração de néctar; sistemas reprodutivos (agamospermia, autopolinização espontânea e manual, geitonogamia, alogamia e polinização livre); visitantes florais; e produção de tubérculos, após a senescência do sistema caulinar aéreo (um ciclo de cultivo). O plantio dos tubérculos (n = 130) foi realizado em classes de massa, em gramas (g), sendo: I) < 25 g; II) 25 a 50 g; III) 50 a 100 g; IV) 100 a 150 g; e V) >150 g. Dos tubérculos plantados, 113 brotaram (86,9%). Dentre esses, 46% (n = 52) emitiram botões florais, 42,5% (n = 48) emitiram flores e apenas cinco produziram frutos maduros (4,4%). Todas fenofases ocorreram uma vez ao ano e foram altamente sazonais. A senescência ocorreu quando as plantas ainda possuíam botões florais, flores e frutos em desenvolvimento. Em média, o ciclo anual de cada planta durou 17,5 ± 4,7, variando entre cinco e 26 semanas. A longevidade da flor foi de 13,6 ± 1,4 dias, variando entre 12 e 17 dias. T. pentaphyllum apresentou protandria, com duração da fase estaminada de 6,7 ± 2,3 dias, variando de dois a 12 dias, e da fase pistilada de 6,1 ± 2,3 dias, variando entre três e nove dias. A produção média diária de néctar foi de 3,2 ± 1,2 µL por flor, variando de 1,9 a 5,4 µL, e a concentração média de açúcares foi de 24,5%, variando entre 18 e 28,6%. Considerando o sistema reprodutivo, a produção de frutos foi de: 24,3% na polinização aberta; 8,6% em alogamia; 5,7% em geitonogamia; e 4,3% na autofecundação manual. Agasmospermia e autopolinização espontânea não formaram frutos, indicando a necessidade de polinizadores. A espécie mostrou polinização mista (abelhas, beija-flores e formigas), sendo beija-flores (Leucochloris albicollis Vieillot e Chlorostilbon lucidus Shaw) os principais polinizadores. A maior produção de tubérculos ocorreu em classes maiores que 10 g, sendo as classes II (148%; 125%) e III (234% e 145%) indicadas para o cultivo anual, considerando, respectivamente, a porcentagem adicional do número e da massa de tubérculos. Protandria, longevidade floral e produção de néctar são estratégias para obter polinização e promover a alogamia. O ciclo de vida de T. pentaphyllum foi curto e a senescência do sistema caulinar aéreo ocorreu antes da maturação dos frutos, o que pode comprometer sua reprodução sexuada.
Palavras-chave
fenologia; polinização e sistema reprodutivo; produção de tubérculos
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