Última alteração: 28-12-2024
Resumo
A liana Passiflora elegans Mast. (maracujá-de-estalo) é nativa do Brasil e possui potencial alimentar, medicinal e ornamental, porém encontra-se ameaçada de extinção. A germinação é difícil, devido à dureza do tegumento. Este estudo objetivou avaliar a germinação de sementes de P. elegans, em diferentes tratamentos, e caracterizar o desenvolvimento inicial das plantas. Foram coletadas 1.600 sementes, em Ibiaçá e Sertão (RS). A germinação foi conduzida em delineamento inteiramente casualizado, utilizando 2 substratos (areia e vermiculita) X 4 tratamentos de embebição de sementes: 1) controle (água destilada); 2) ácido sulfúrico (H₂SO₄ 80%); 3) nitrato de potássio (KNO₃ 0,1%); e 4) ácido giberélico (GA3 500 mg.L⁻¹). O tempo de embebição das sementes foi de 48 horas. Entretanto, no tratamento 2, após uma hora de imersão em H₂SO₄ (80%), as sementes foram imersas em água destilada por mais 47 horas. A semeadura ocorreu em bandejas de poliestireno. Cada tratamento continha quatro repetições com 50 sementes cada, totalizando 800 sementes. Após a emergência, as plântulas foram transplantadas para vasos plásticos, contendo composto orgânico. Bandejas e vasos foram mantidos em casa de vegetação (25ºC; irrigação diária) e monitorados semanalmente por 12 meses. Foram avaliados: altura total da planta e diâmetro do caule, com auxílio de paquímetro digital e fita métrica; e número de folhas. Os dados de porcentagem de germinação foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey (α = 0,05). O desenvolvimento das plantas foi avaliado por estatísticas descritivas (média ± intervalo de confiança) e correlações de Pearson (P < 0,05) para as variáveis analisadas. A maior porcentagem de germinação ocorreu no tratamento com KNO₃ e vermiculita (32%), seguido por KNO₃ e areia (26%), H₂SO₄ e vermiculita (22,5%), e GA3 e vermiculita (20,5%). Os tratamentos com H₂SO₄ e areia (13,5%), controle e areia (13,0%) e controle e vermiculita (16,5%) mostraram germinação intermediária. O menor valor foi registrado em GA3 e vermiculita (6,0%). Após 12 meses, a altura média das plantas foi de 1.043,53 ± 68,10 mm, variando de 230 a 2.670 mm; e o diâmetro médio do caule de 4,36 ± 0,18 mm, variando de 1,86 a 7,80 mm. O número de folhas por planta variou de 20 a 137, com média de 77 ± 3,32. Correlações significativas foram observadas entre: altura e diâmetro do caule (r = 0,86); altura e número de folhas (r = 0,92); e diâmetro e número de folhas (r = 0,88). Os resultados indicaram que KNO₃ e vermiculita são eficientes na germinação de P. elegans, porém em P. setacea e P. alata as melhores respostas ocorreram com GA3 e escuro, evidenciando necessidades específicas. Outro estudo com P. elegans registrou apenas 11% de germinação, assim possivelmente os tratamentos utilizados contribuíram para a quebra da dormência das sementes.