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Reprodução social no Brasil: impactos da pandemia nas desigualdades sociais e educacionais
Última alteração: 28-12-2024
Resumo
Este projeto analisou os impactos da pandemia nas desigualdades socioeconômicas e educacionais no Brasil, fundamentado na Teoria da Reprodução de Bourdieu e Passeron. O objetivo principal foi compreender como a pandemia influenciou a reprodução social, afetando o desempenho de candidatos no ENEM e, consequentemente, o acesso ao ensino superior. A pesquisa justificou-se pela necessidade de entender como as desigualdades educacionais, já significativas no contexto brasileiro, foram exacerbadas durante o período pandêmico. O estudo explorou as relações entre capital cultural, econômico, acesso a tecnologias digitais e desempenho escolar. Utilizou-se uma abordagem quantitativa e diacrônica, com a análise de dados secundários do ENEM/INEP de 2019 e 2022, aplicando técnicas descritivas de painel para examinar as relações entre fatores socioeconômicos, como renda, capital cultural e acesso a tecnologias digitais, e os resultados educacionais dos estudantes. Ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (QGIS) foram utilizadas para mapear a distribuição espacial das desigualdades educacionais em estados e municípios brasileiros, facilitando a visualização das disparidades. A revisão bibliográfica destacou a persistência da desigualdade no acesso e na permanência no ensino superior, mesmo com políticas como ProUni e FIES, apontando que o ENEM, embora relevante como indicador de qualidade, perpetua a lógica competitiva do sistema educacional, desconsiderando fatores estruturais que influenciam o desempenho. Os resultados indicaram que a pandemia agravou as desigualdades educacionais no Brasil. Comparações entre as notas dos grupos socioeconômicos no ENEM de 2019 e 2022 mostraram que estudantes de famílias mais ricas mantiveram ou melhoraram seu desempenho, enquanto aqueles de famílias de baixa renda tiveram quedas significativas. O acesso a tecnologias digitais revelou-se um fator determinante, com estudantes sem acesso a computadores e internet apresentando pior desempenho, evidenciando a exclusão digital exacerbada pela pandemia. Em conclusão, o estudo revelou que a pandemia expôs as fragilidades do sistema educacional brasileiro, reforçando suas desigualdades. A aplicação da teoria da reprodução social ao contexto pandêmico forneceu uma base empírica para políticas educacionais mais eficazes, visando a promoção de um sistema educacional mais equitativo e inclusivo.
Palavras-chave
capital cultural; exclusão digital; ENEM
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