Última alteração: 27-12-2024
Resumo
A liana Passiflora elegans Mast. (maracujá-de-estalo), pertence à família Passifloraceae, ocorrendo em bordas de florestas. Apresenta potencial alimentício, ornamental e medicinal, porém encontra-se ameaçada de extinção. A espécie é silvestre, com estudos praticamente inexistentes. Visando desenvolver novas culturas com espécies nativas, este estudo objetivou avaliar a biometria, a germinação, e quantificar parâmetros físico-químicos, compostos fenólicos e potencial antioxidante de P. elegans. Foram determinadas a biometria e a massa dos frutos e sementes, com auxílio de paquímetro digital e balança de precisão, respectivamente. O pH foi determinado com leitor de bancada, a acidez por titulação (NaOH) e os sólidos solúveis em refratômetro portátil. Os fenóis foram determinados pelo método Folin-Ciocalteau, os flavonoides com a curva de catequina, e o potencial antioxidante pelo sequestro dos radicais DPPH e ABTS. A germinação foi conduzida em delineamento inteiramente casualizado, sendo: 2 substratos (areia e vermiculita) X 2 condições de luminosidade (claro e escuro) X 4 tratamentos de embebição de sementes: 1) controle; 2) H2SO4 (80%); 3) KNO3 (0,1%); e 4) GA3 (500 mg. L-1). As sementes foram mantidas em câmara de germinação BOD (n = 2.304) e casa de vegetação (n = 1.600). Todas as análises ocorreram no IFRS – Campus Sertão. Os frutos apresentaram, em média, 28,3 mm de comprimento e 29,3 mm de diâmetro. A massa média foi de: 8,6 g para fruto; 2,8 g para pericarpo; 5,1 g para polpa; e 0,7 g para sementes. O número médio de sementes por fruto foi 66,2. As sementes apresentaram, em média, 4,3 mm de comprimento, 3,0 mm de largura, 1,7 mm de espessura e 0,01 g de massa. O pH dos frutos foi de 3,8, os SST de 19,1% e a ATT de 23%. Considerando os fenóis, a polpa apresentou 0,05 g, o pericarpo 0,3 g e as folhas 2,2 g. Para flavonoides, a polpa apresentou 0,015 g, o pericarpo 0,055 g, e as folhas 0,78 g. Em ABTS, a inibição do radical foi de 58,6% para polpa, 78,3% para pericarpo e 59,3% para folhas. Para DPPH, a inibição foi de 70,7% para polpa, 47,9% para pericarpo e 85,5% para folhas. Em BOD, a maior germinação (24,3%) ocorreu com H2SO4 (80%), vermiculita e escuro. Em casa de vegetação, a maior germinação (32%) ocorreu com KNO3 e vermiculita. Os frutos de P. elegans podem ser considerados pequenos e os parâmetros físico-químicos mostraram que são doces e ácidos. A quantidade de compostos fenólicos pode ser considerada baixa nos frutos e média nas folhas, todavia ambos apresentaram grande potencial antioxidante. Devido à dureza do tegumento, a germinação foi alta comparada a outros estudos com P. elegans (11%). Portanto, P. elegans mostrou-se promissora como recurso alimentício e medicinal. Ademais, protocolos de germinação podem incentivar o cultivo dessa espécie.