Última alteração: 22-12-2023
Resumo
Apesar da grande produção acadêmica sobre os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, pouco foi explorado sobre a construção da memória do processo de formação destas instituições. Este trabalho visa apresentar as atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Memória do IFRS relativas ao Projeto de Pesquisa “O Processo de Formação dos Institutos Federais – Uma Memória Oral”. O projeto, que conta com fomento CNPq e Fapergs, procura reunir e analisar, a partir das memórias narrativas dos indivíduos protagonistas atuantes, a trajetória de uma nova institucionalização da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (RFEPT) nos anos 2000 e que resultaram na promulgação da Lei 11.892/2008, originando os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Desta forma, este texto busca enfatizar o uso de entrevistas, bem como a narrativa dos entrevistados. Para isso, se vale da metodologia da história oral. Foram selecionados gestores da Secretaria de Educação Profissional (SETEC), acadêmicos e futuros primeiros reitores de algumas unidades. Algo a destacar é que, por conta de características da entrevista, um depoente pode indicar novos nomes a serem entrevistados, o que permite mapear uma rede de relações entre os envolvidos nesse processo, assim como os protagonismos atribuídos a cada um no campo da EPT. Também é possível apontar alguns limites metodológicos: além de questões técnicas, com a realização de entrevistas via Google Meet, encontra-se a própria narrativa a partir de vivências particulares de um mesmo processo que demonstra a complexidade de lidar com a memória viva. Uma pesquisa que utiliza essa metodologia precisa considerar e valorizar pausas, gestos, semblante do entrevistado e tudo o que acompanha sua narrativa, pois esses aspectos são de igual importância do conteúdo de sua fala. Um fato percebido é que a implementação do modelo dos institutos se insere em um contexto de grandes mudanças na sociedade brasileira e contribuiu para a reestruturação da rede, a qual era estreitamente ligada à atuação do Sistema S. Por conta disso, a falta de conhecimento por parte da sociedade e de muitos políticos não atuantes no processo foi um desafio aos envolvidos. Isso foi enfatizado em várias entrevistas, desde aquelas com alguns primeiros reitores, como em entrevistas com agentes políticos que estavam na linha de frente. Ainda sobre o momento vivido na implementação, é possível perceber através dessas falas, que se tratava de uma situação de tensionamento. Em uma entrevista específica, a depoente deixou claro a dificuldade de equilibrar as diversas demandas dentro da educação junto com as mudanças que estavam ocorrendo. Contudo, segundo os entrevistados, os IFET’s são uma política pública de educação voltada ao estímulo do desenvolvimento local e que conseguiu muito êxito.