O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) tem como uma de suas preocupações a promoção de pesquisas aplicadas de forma a contribuir para o atendimento de diversas demandas sociais, entre as quais a preservação e a disseminação de seus bens culturais e históricos. É o caso do projeto entre o IFRS e Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM), depositário de um importante acervo documental relativo à história e à memória da Saúde e da Medicina do estado. Atualmente, o projeto intitulado “Disseminando o conhecimento histórico da saúde: digitalização e catálogos virtuais de obras raras do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul” vem organizando e processando digitalmente documentos históricos, construindo novos catálogos virtuais para acesso às coleções digitalizadas, no qual conta com fomento de bolsa Pibiti/CNPq. Nessas novas edições, está presente a documentação e revistas relativos à Faculdade de Medicina de Porto Alegre (FAMED/UFRGS), na qual se destaca o periódico “O Bisturi”, criado no ano de 1945 e voltado para a comunidade acadêmica da instituição. O estudo tem como objetivo analisar suas capas até o ano de 1991 a partir de suas ilustrações gráficas e apresentar os eixos de temáticas abordadas, relacionando com o seu contexto da época. A metodologia iniciou com uma pesquisa historiográfica sobre Imprensa, Saúde e Política, visando uma melhor base teórica para o trabalho; em seguida, realizou-se o levantamento das temáticas abordadas, sendo analisadas, posteriormente, a partir de diferentes recortes temporais, a recorrência dos temas, a particularidade dos meios de comunicação e as possíveis recepções sociais conforme a época, levando-se em conta que o periódico vivenciou diferentes períodos políticos, incluindo a Ditadura Civil-Miliar. Como resultados parciais, observa-se que as capas apresentam charges e manchetes que combinam questões próprias do campo médico e acadêmico com o contexto político do período: desta forma, pautas médicas, eleições internas e assuntos da universidade, eventos e semanas acadêmicas, reformas de currículos do curso de medicina, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Sistema Único de Saúde, dialogam com mobilizações estudantis (greves e protestos), análises da conjuntura política nacional, chegando a alcançar uma homenagem à Che Guevara. Dessa forma, é possível observar que o periódico, embora produzido e voltado a um público estudantil, valia-se de recursos adotados pela Imprensa, recorrendo às representações em imagens e manchetes para exercer sua crítica em defesa dos estudantes da FAMED.