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Eucaliptocultura para celulose e papel no Rio Grande do Sul: comparações regionais sobre a efetividade no uso da terra
Aline Dias Bastos, Jefferson Rodrigues dos Santos

Última alteração: 22-12-2023

Resumo



O presente trabalho analisa a efetividade no uso da terra pelo complexo agroindustrial de celulose e papel no Rio Grande do Sul. Na metade dos anos 2000 ocorreu um intenso ciclo de investimentos do setor no estado, através da aquisição de terras, cultivos florestais de eucalipto e planejamento de plantas industriais em distintas regiões do território gaúcho. Este ciclo foi interrompido em 2008 como efeito da crise econômica global. No cenário de recuo das empresas Votorantim Celulose e Papel, Aracruz Celulose e Stora enso, ocorreu a instalação e expansão do capital chileno da CMPC, que adquiriu um complexo industrial no município de Guaíba e as terras com os respectivos ativos florestais das três empresas que deixavam o estado. Diante deste cenário, o trabalho busca verificar o nível de efetividade no uso da extensa área adquirida pela empresa, num quantitativo de cerca de 460 mil hectares. Como metodologias utilizou-se da plataforma de dados MapBiomas para a coleta de dados que permitiram a localização e a determinação do comportamento das bases florestais, as quais foram  classificadas a partir das imagens de satélite e produção de mapas no software QGis. Simultaneamente, utilizou-se dados da produção da silvicultura obtidos na plataforma Sidra - IBGE, especificamente área cultivada de eucalipto e o quantitativo de madeira em tora  para celulose extraída por mesorregião. Ainda como decisão metodológica, realizou-se o recorte espacial do território estadual em suas mesorregiões, objetivando maior coerência com os conjuntos de municípios que compunham as três grandes bases florestais instaladas no estado. A partir dos dados obtidos com as classificações realizadas no MapBiomas, podemos concluir que houve  crescimento da silvicultura de eucaliptos em ritmo acentuado entre 2000 e 2010, com menor intensidade no período subsequente, até o último ano da série de dados MapBiomas, o ano de 2020. No que diz respeito à utilização do recurso instalado, a mesorregião Metropolitana possui maiores índices de extração ( 3.000.000 m³ em 2021), todavia, sua área plantada permaneceu sem alterações significativas, fato que é explicado devido a proximidade com a planta da empresa CMPC e a manutenção do cultivo na região. Os menores quantitativos de extração se situam nas mesorregiões localizadas no centro e oeste do estado. Este padrão é coerente com a busca por proximidade e baixos custos de transporte de toras no setor, o que coloca o questionamento sobre as motivações para a totalidade de terras adquiridas pela empresa. Devido a alta rotatividade deste tipo de silvicultura (ciclos de em média 7 anos), a baixa extração destes recursos indica ociosidade das terras. Diante de tais resultados a pesquisa buscará em suas etapas futuras averiguar a possível utilização da terra como uma barreira para a entrada de outras empresas do ramo.


 


Palavras-chave


Silvicultura; Estrutura fundiária; Padrões de concorrência.

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