Desde a Assembleia Nacional Constituinte de 1986, os pentecostais passaram a ocupar, crescentemente, o cenário político nacional. Em 2003, criaram a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), com a finalidade de assegurar os direitos do povo cristão e sua representatividade na sociedade e no Congresso Nacional. Na época de criação (2003), a FPE era composta por 71 parlamentares. Em 2023, 20 anos depois, são 220 integrantes. É importante ressaltar que a FPE, composta por parlamentares de diferentes igrejas e partidos, não é homogênea. Esta pesquisa analisa os parlamentares membros da igreja Assembleia de Deus (AD) e o modo como atuam na esfera política, classificando-os como “político evangélico” ou “político de Cristo”, de acordo com o conceito criado por Leonildo Campos (2005). No cenário analisado por Campos (2005), o "político evangélico" se referia aos primeiros políticos evangélicos que surgiram no Brasil, ainda durante a República Velha. Trazendo esse termo para a contemporaneidade, classificamos os "políticos evangélicos" como parlamentares que atuam politicamente independente de suas crenças religiosas. Já os “políticos de Cristo” são identificados como defensores da fé cristã no Congresso e são escolhidos e apoiados pelas igrejas pentecostais. Esses termos fundamentam a pesquisa, possibilitando análises e reflexões acerca do desígnio e posicionamento dos parlamentares no aspecto religião e suas influências na política. A metodologia é de caráter qualitativo, inclui revisão teórica, análise das redes sociais dos deputados, além de declarações já proferidas pelos mesmos. A análise dos parlamentares é realizada com minuciosidade, observando os projetos defendidos, publicações políticas e suas pautas em ideologias religiosas e discursos realizados no parlamento. Dentre os 23 deputados que são membros da igreja Assembleia de Deus em 2023, 17 podem ser denominados como “políticos de Cristo” e 6 como “políticos evangélicos”. Exemplificando, a deputada Benedita da Silva (PT) é evangélica e não integra os ideais de um “político de Cristo”, pois baseia suas decisões políticas nas problemáticas sociais, com ênfase na luta contra o racismo e a fome. Assim, a parlamentar demonstra atuar de modo independente da religião em suas escolhas e posicionamentos no Congresso, podendo ser denominada como “política evangélica”. Por outro lado, o deputado e pastor Eli Borges (PL) atua no parlamento representando os valores de sua igreja, Assembleia de Deus, se posicionando ferrenhamente contra assuntos relacionados ao aborto e a legalização de drogas. Considerando que suas ações no Congresso estão pautadas integralmente na moral cristã, o parlamentar pode ser identificado como “político de Cristo”. Destarte, a pesquisa demonstra ser de extrema relevância, pois contribui em uma melhor compreensão dos deputados da FPE, promovendo reflexões acerca de suas ações e intuitos no parlamento. Além de visualizar o predomínio de políticos que priorizam os valores cristãos em substituição a políticas públicas.