Última alteração: 22-12-2023
Resumo
Os ambientes aquáticos urbanos têm sofrido alterações significativas devido ao aumento da urbanização do seu entorno. A ocupação das margens de arroios, a impermeabilização do solo e o lançamento de esgoto sem tratamento são exemplos de alterações que influenciam na qualidade desses ambientes. Nesse sentido, a avaliação e o monitoramento da qualidade ambiental dos ambientes aquáticos urbanos, através de parâmetros físicos, químicos e biológicos, são imprescindíveis, pois servem como subsídios para a sua preservação e seu gerenciamento. A macrofauna bentônica tem sido utilizada como bioindicadora da qualidade de ambientes aquáticos, devido, principalmente, à estreita associação dos organismos com o substrato, à mobilidade restrita, à presença de organismos com diferentes graus de sensibilidade, entre outros fatores. A estrutura da comunidade biológica reflete o que está acontecendo no ambiente, e seu estudo pode ser utilizado para avaliar os efeitos da atividade humana sobre os ambientes aquáticos. Um dos principais arroios urbanos no município de Porto Alegre, é o Arroio Dilúvio, que recebe significativas contribuições ao longo do seu percurso, principalmente de carga orgânica, sendo foco do projeto “Arroios urbanos: avaliação da qualidade ambiental através da utilização de indicadores, bioindicadores e índices”. O presente trabalho tem o objetivo de caracterizar a comunidade da macrofauna bentônica no Arroio Dilúvio, Porto Alegre, na estação de inverno. Para o estudo, foram selecionadas três estações amostrais, localizadas no trecho retificado do arroio, contemplando os trechos médio (D2 e D6) e inferior (39). Em cada estação amostral, foram obtidas cinco réplicas de sedimento para a análise da macrofauna, com um amostrador Petersen modificado (área de 345 cm²). As amostras foram fixadas em campo, com formol 4% e encaminhada ao laboratório para posterior processamento. Em laboratório, as amostras foram lavadas em uma malha de 0,250 mm de abertura. Na sequência, o sobrenadante da amostra, foi novamente passado pela peneira e o material retido foi analisado sob estereomicroscópio, sendo os organismos separados, contados e identificados em grandes grupos. Oligochaeta, Hirudinea, Chironomidae, Pupa e Collembola foram encontrados nas três estações amostrais. Tardigrada, Ancylidae e Amphipoda foram encontrados somente em D2, Psychodidae ocorreu nas estações D6 e 39, e Physidae somente na estação D6. Salienta-se que os grupos encontrados estão em processo de identificação, visando padronizá-los em família. Considerando os resultados parciais obtidos até o momento, a caracterização da macrofauna bentônica do Arroio Dilúvio no período de inverno dá-se por uma maior riqueza de táxons na estação D2, e maior densidade média de organismos na estação D6. Verificou-se ainda, a maior representatividade de Oligochaeta, Chironomidae e Hirudinea, grupos considerados como resistentes ao enriquecimento orgânico.