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Contribuições do Programa Jovem Aprendiz às juventudes contemporâneas
Ana Lúcia dos Santos Hamester, Aline Grunewald Nichele

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


Introdução

A juventude contemporânea é uma construção social complexa, influenciada por processos históricos, econômicos e políticos. Nesse sentido, a juventude contemporânea é moldada por um conjunto de valores e ideais próprios, que refletem as transformações sociais e a velocidade das mudanças que ocorrem no mundo atual  (ENNE, 2010).

Almeida (2021) investigou a empregabilidade dos jovens participantes do Programa Jovem Aprendiz. Os resultados mostram que o programa desempenha um papel importante nesse aspecto, proporcionando oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades técnicas e socioemocionais. Ele também contribui para a entrada desses jovens no mundo do trabalho, oferecendo uma valiosa experiência profissional inicial (ALMEIDA, 2021).

No entanto, identificou desafios, como a dificuldade de equilibrar o programa com a vida escolar e a falta de oportunidades de crescimento nas empresas (ALMEIDA, 2021).

Por sua vez, Souza (2017) revela que os jovens aprendizes veem o programa como uma oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades técnicas e socioemocionais, bem como para ampliar suas perspectivas de futuro e alcançar independência financeira.

Este trabalho tem como objetivo analisar o papel do Programa Jovem Aprendiz na formação das juventudes contemporâneas, considerando suas contribuições, desafios e perspectivas futuras.


Metodologia


O estudo sobre o papel do programa Jovem Aprendiz na formação da juventude contemporânea foi conduzido por meio de pesquisa bibliográfica. A pesquisa foi realizada no Portal de Periódicos da Capes, utilizando as palavras-chave "juventude" e "jovem aprendiz", sem restrição de período temporal. Após a leitura dos títulos e resumos dos artigos encontrados, foram selecionados aqueles relacionados ao objetivo do estudo. Todos os artigos selecionados foram lidos na íntegra.

A inclusão na pesquisa exigiu que os documentos estivessem relacionados ao Jovem Aprendiz, excluindo estudos que não se relacionassem ao tema (Quadro 1). Publicações sem texto completo em português foram excluídas, enquanto não houve critério de exclusão com base na data de publicação, conforme é apresentado no Quadro 1.


Quadro 1. Critérios de inclusão e exclusão


Critérios de inclusão (CI)

CI-1

O estudo relaciona-se ao programa jovem aprendiz e a juventude contemporânea.

CI-2

O estudo possui resumo em língua portuguesa e/ou inglesa.

Critérios de exclusão (CE)

CE-1

O estudo não apresenta rigor científico.

CE-2

O estudo não se relaciona ao programa jovem aprendiz e a juventude contemporânea.

CE-3

O texto completo não está disponível em português.




A partir da pesquisa bibliográfica foram encontrados 23 artigos, destes, 10 não se relacionavam com o tema e ao objetivo deste trabalho, 4 estavam repetidos, e somente 9 artigos eram condizentes aos objetivos. Após leitura criteriosa dos artigos selecionados, foram identificados os aspectos positivos e negativos do Programa Jovem Aprendiz na formação das juventudes contemporâneas.


Resultados e discussão


Identifica-se resultados positivos em relação à aplicabilidade dos conhecimentos que os jovens adquirem ao longo dos estudos no âmbito do Jovem Aprendiz. Os jovens têm a oportunidade de aplicar o conhecimento teórico em um contexto real, desenvolvendo habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento do trabalho, também têm a chance de adquirir experiência de trabalho e estabelecer contatos profissionais (BARROS; RENDERS, 2019).

Enquanto valorização da juventude,  o programa de aprendizagem valoriza os jovens como agentes de transformação e reconhece o potencial que eles possuem, ao oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional. O programa contribui para a valorização da juventude e para a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária (PESSOA; ALBERTO, 2021).

Importante ressaltar que ao oferecer uma ocupação produtiva e a oportunidade de se qualificar, o programa jovem aprendiz contribui para reduzir a exposição desses jovens a situações de risco e aumenta suas perspectivas de futuro, e à promoção da inclusão e diversidade (SOARES, 2009).

No quesito empregabilidade, Leal e Alberto (2021) destacam que o programa Jovem Aprendiz aumenta as chances dos aprendizes de serem contratados e os tornam mais atraentes para o mundo de trabalho, desta forma a vivência no programa proporciona aos jovens uma vantagem competitiva ao buscar novas oportunidades de emprego.

Dentre os pontos positivos ainda é importante destacar o estímulo ao empreendedorismo, uma vez que o estudante participante do Jovem Aprendiz tem seu interesse despertado para o empreendedorismo. Os jovens ao terem contato com o mundo do trabalho adquirirem experiência prática e podem identificar oportunidades e desenvolver habilidades empreendedoras, o que pode ser um impulso para a criação de novos negócios e projetos no futuro (FREITAS; OLIVEIRA, 2012).

Embora o programa Jovem Aprendiz apresente diversos benefícios, também é importante considerar alguns pontos negativos que podem surgir aos jovens participantes do programa. Pessoa e Alberto (2021) evidenciam o preconceito e a discriminação que alguns jovens aprendizes podem enfrentar no ambiente de trabalho devido à sua idade e falta de experiência ou por sua origem socioeconômica. Segundo Soares (2009), o estigma social associado ao programa demonstra que alguns jovens podem ser vistos como "menos qualificados" ou "menos capazes" por estarem em um programa de formação profissional específico, o que pode afetar sua autoestima, oportunidades de aprendizado e perspectivas futuras.

Nesta mesma perspectiva, Pessoa e Alberto (2021) enfatizam como negativa a sobrecarga, o estresse e algumas formas de relacionamentos estabelecidos envolvendo aprendizes e funcionários das empresas. Os aprendizes destacam que são colocados em setores que não gostam ou com cujo serviço não se identificam.

Dentre os diversos domínios atravessados pela juventude, o emprego representa, para a maioria expressiva dos jovens brasileiros, um espaço formador de percursos. Para a juventude brasileira, a fase juvenil e, frequentemente, até mesmo a própria infância, são amplamente influenciadas pelo trabalho ou pela sua procura (SILVA, 2023)

Em se tratando de efeitos psicossociais na vida do jovem, podemos citar a desesperança e incertezas na construção de seus projetos de vida e de futuro como desânimo e dúvidas ao moldar suas aspirações devido ao ambiente progressivamente instável que vivem no trabalho (ROSA ; COUTINHO, 2019).

Na análise geral sob a perspectiva das empresas, o empresariado que participa do programa acolhendo jovens não vislumbra a formação ampliada do jovem trabalhador, mas sim os interesses particulares da maioria das empresas (SOARES, 2009).

Contudo, é importante ressaltar que os jovens aprendizes têm uma percepção positiva sobre o trabalho que exercem, considerando-o como uma oportunidade de aprendizado e desenvolvimento pessoal e sobretudo a oportunidade de entrada no mundo do trabalho (FREITAS; OLIVEIRA, 2012). Os jovens valorizam a experiência prática e a possibilidade de adquirir habilidades que serão úteis em suas carreiras futuras.


Considerações finais

As pesquisas sobre a juventude contemporânea e o Programa Jovem Aprendiz mostram que este programa tem impactos positivos na empregabilidade dos jovens, proporcionando oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades técnicas e socioemocionais.

No entanto, também apontam desafios, como a conciliação entre estudo e trabalho, e a importância de garantir condições justas para a formação e inserção profissional dos jovens. Portanto, é crucial que a política do Programa Jovem Aprendiz seja continuamente avaliada e aprimorada, considerando as necessidades dos jovens (LEAL; ALBERTO, 2021).



Referências


ALMEIDA, F. M. B. O Programa Jovem Aprendiz e a construção da empregabilidade juvenil: um estudo de caso. Revista Brasileira de Aprendizagem Profissional, v.2, n.3, p.11-28, 2021.


BARROS, L. S.; COSTA-RENDERS, E. C. A formação profissional das juventudes brasileiras: avanços e perspectivas nas interlocuções entre educação e trabalho. Revista  on-line  de  Política  e  Gestão  Educacional,  v.24,  n.1,  p.189-209, 2020.


BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Aprendizagem Profissional. Brasília,DF: MTP, [20-?]. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/aprendizagem-profissional-1#:~:text=Aprendizagem%20Profissional%20%C3%A9%20o%20programa,defici%C3%AAncia%20sem%20limite%20de%20idade.


ENNE, A. L. Juventude como espírito do tempo, faixa etária e estilo de vida: processos constitutivos de uma categoria-chave da modernidade. Revista de Estudos Sociais, São Paulo, v. 10, n. 2, p.123-145, 2022.


FREITAS, M. F. Q.; OLIVEIRA, L. M. P. Juventude e Educação Profissionalizante: Dimensões Psicossociais do Programa Jovem Aprendiz. Psicologia em Pesquisa, v.6. n.2, 2012.


LEAL, N. S. B., ALBERTO, M. F. P. Política de acolhimento e juventude: A problemática da inserção na formação profissional. Psicologia: Ciência e Profissão,v. 41, p.1-16, 2021.


MAGALHÃES, C. R.; GRANJA, E. M. dos S. Programa de Aprendizagem e suas Implicações ao Acesso e Continuidade no Mercado de Trabalho: Um Estudo com Jovens Aprendizes. Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v.14, n.54, p. 73-91, 2021.


PESSOA, M. C. B.; ALBERTO, M. de F. P. Formação profissional: as vivências dos jovens em um programa de aprendizagem. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 6, n. 1, p.02-20, 2015.


SILVA, J. H. da. Trajetórias de trabalho: empregos precários e inserções provisórias. Pro-posições, v.34, p.1-31, 2023.


SOARES, O. de J. Juventude e Trabalho: notas e reflexões sobre a formação profissional mediada pela "Lei do Aprendiz" (Lei 10.097/00). Trabalho Necessário. v.7, n.8, 2009.


SOUZA, D. A percepção dos jovens aprendizes sobre o trabalho que exercem. Anais do XIII SEGeT-Simpósio de excelência em gestão e tecnologia, 2016. Disponível em https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos17/12425153.pdf.


ROSA, D. D.; COUTINHO, M. C. Juventudes e trabalho: trajetórias de

egressos do programa jovem aprendiz. Interfaces Científicas Humanas e Sociais. v.8. n.2. p. 99-112, 2019.



Palavras-chave


Jovem Aprendiz; Trabalho; Juventude

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