Última alteração: 18-11-2022
Resumo
A educação brasileira vem vivendo uma realidade apática e conformista, resultando em estudantes e educadores pouco reflexivos e questionadores. O colonialismo do saber se perpetua em todos os níveis de escolaridade com um sistema de ensino behaviorista, que ao invés de tornar a educação libertadora, preocupa-se em treinar comportamentos e respostas mecanicamente em alunos passivos, sem luz. Foi percebida a necessidade da aproximação do tema introdutório da pesquisa científica para com a comunidade de Viamão - RS, e para saná-la, o projeto Viamão com CIência II (Edital IFRS 34/2022( criou a oficina de introdução à pesquisa científica, com duas edições realizadas. Tivemos como objetivo geral analisar o impacto da oficina na percepção dos participantes em relação ao tema central da mesma: A Pesquisa Científica. O termo, especialmente para o público atingido, que corresponde a estudantes do ensino médio, mas principalmente a pessoas cursando o ensino superior, já não é novidade, contudo, também não é claro. Foi questionado no momento da inscrição qual o conceito pessoal dos inscritos sobre a pesquisa científica e, novamente, no formulário de feedback ao final da oficina. A partir das respostas, pudemos atingir nossos objetivos específicos: Compreender se a teoria cognitiva auxilia em uma aprendizagem significativa; Analisar a reação dos participantes ao buscarmos uma abordagem sociointeracionista em alguns momentos, e; Avaliar se o método visual, didático e do processo de ensino e aprendizagem da oficina foi efetivo na visão dos participantes. A diferença no conceito descrito pelos participantes foi sutil na primeira oficina, no entanto após segunda foi mais perceptível: a segurança ao afirmar, não basear-se em opinião, a citação às características mais frisadas: metódica, embasada, responsável, analítica, ética, racional e, especialmente, questionadora e inovadora. Definições vagas e romantizadas como a menção “forma de mudar o mundo” foram deixadas de lado, abrindo espaço para definições que, sob diversas perspectivas, convergiram em a pesquisa científica ser um caminho para o conhecimento científico, para a verdade. O método utilizado na oficina, cognitivo, obteve bons resultados: a percepção de compreensão dos conteúdos que os participantes notaram em si foi de 4,7 em uma escala até 5, porém as experimentações sociointerativas não surtiram muito efeito: pouca interação nos encontros e nenhuma interação entre os participantes. Todos os participantes acharam que o formato da oficina foi ideal, ressaltando a organização do material visual e a didática acessível. O conhecimento nos liberta das amarras do colonialismo científico, e a divulgação do mesmo de forma acessível para a comunidade local fomenta a renovação e a constante evolução do que temos por ciência brasileira. De pequenas mudanças, a compreensão da pesquisa científica pode pluralizar seu acesso e produção, dando mais diversidade e identidade ao universo acadêmico do país.