Última alteração: 17-11-2022
Resumo
A medicina tradicional vem perdendo suas forças nos últimos tempos, sendo muito visível que as drogarias convencionais ganharam espaços nas cidades de forma avassaladora, fazendo com que alguns costumes antigos desaparecessem ou diminuíssem de atividade. Hoje em dia, os chás estão perdendo sua visibilidade em relação aos remédios sintéticos (alopáticos), sendo cada vez menos usados em tratamentos de doenças rotineiras, como um simples “resfriado” ou má digestão, por exemplo. O Projeto Hortas Escolares Agroecológicas, que tem como um de seus princípios resgatar e impulsionar as culturas regionais, fomenta, dentre suas ferramentas pedagógicas, a implementação de um relógio do corpo humano dentro das escolas, com o objetivo de trazer as raízes da medicina tradicional regional à tona, usar plantas já conhecidas ou não pelos alunos e professores, além de desmistificar o uso de plantas para tratar problemas de saúde não agudos, leves e que não põem em risco de morte imediata as pessoas. O relógio do corpo humano foi concebido pela medicina tradicional chinesa, que descreve o corpo como um microcosmos. Acreditam que os órgãos atinjam seu clímax de funcionamento em horários específicos, isso por conta da energia vital que circula dentro do nosso corpo. Como cada órgão tem seu ápice de funcionamento em faixas de horários determinadas, foi desenvolvido um sistema onde se escolhem plantas com princípios medicinais que agem diretamente nesses órgãos em horários que eles estejam mais ativos, fazendo com que fiquem mais sensíveis aos tratamentos, que assim potencializam seu efeito benéfico. Por exemplo: para tratar dores leves de estômago, é indicado que seja feito o tratamento com chá de erva doce a partir das 7h até 9h, horário que esse órgão está em seu ápice de funcionamento. A EEEF Canadá, da qual sou bolsista responsável, tem na sua grade curricular as Unidades de Ensino Potencialmente Significativas – UEPS, que deram a possibilidade da implementação de um relógio do corpo humano na escola, trazendo a medicina tradicional regional para dentro da sala de aula, possibilitando o contato direto dos seus alunos com as plantas que serão usufruídas por eles mesmo posteriormente, mais ainda se forem cultivadas também em suas casas. Seus alunos participaram desde a criação da estrutura do relógio, até a plantação das mudas, obtendo não só conhecimentos básicos de jardinagem, manejo do solo, mas também de plantas regionais com princípios ativos voltados para a medicina tradicional, plantas que eram usadas por seus pais ou avós, ou povos tradicionais no tratamento de enfermidades, dando seguimento a essa tradição, valorizando o conhecimento interdisciplinar e o diálogo de saberes, contemplando assim os objetivos do projeto hortas escolares.