Última alteração: 21-11-2022
Resumo
Introdução: este estudo parte da premissa que a lógica utilitária parece insistir em se fazer presente em todas as dimensões humanas, bem como, parece ter pretensões de se naturalizar como orientadora prioritária em todas as práticas sociais, em especial, na educação escolar. Nessa perspectiva, aqueles componentes curriculares cujos saberes não estão diretamente relacionados à referida lógica são reconhecidos como inúteis e sofrem um processo de invisibilização no espaço escolar. A Educação Física (EF) no Ensino Médio Integrado (EMI), no Instituto Federal Rio Grande do Sul (IFRS), é um componente curricular cuja utilidade pode estar relacionada com a resistência ao utilitarismo no ambiente escolar. Problema: se os sentidos da escola devem ir além da lógica utilitária, onde buscar subsídios para pensar outros conhecimentos, relacionados a um modo de ser e viver que não esteja subordinado ao pensamento da mercadoria? Onde buscar elementos para pensar a utilidade dos saberes da EF na escola para além do utilitarismo? Objetivo: procura identificar subsídios para pensar a utilidade da EF nos currículos do EMI no IFRS a partir dos saberes dos povos originários latino-americanos. Metodologicamente se caracteriza como sendo um estudo qualitativo de natureza descritiva e bibliográfica, orientada por uma perspectiva hermenêutica que adota o interculturalismo como ferramenta para ampliar o horizonte interpretativo. Quanto aos procedimentos técnicos está sendo desenvolvida com base na compilação de livros, em publicações periódicas e em materiais em meio digital referentes ao modo de ser e viver dos povos indígenas latino-americanos. Resultados parciais: dentre os subsídios até o momento identificados, destaca-se a possibilidade de a EF ser pensada como um lugar em que se possa experimentar a existência para além do sentido utilitário da vida. Um lugar onde a lógica da mercadoria não faz sentido; onde o corpo não é visto de modo singularizado e individualizado; ou ainda, apenas como uma embalagem ou instrumento de trabalho; enfim, como um lugar que prioriza a vida e o viver bem. Considerações finais: há culturas que não se deixaram cooptar pela lógica da mercadoria. Talvez possamos aprender com elas. Podem ser consideradas excelentes referenciais para contrastar e relativizar nossas próprias concepções e sensibilidades. A educação escolar, e a EF, em específico, deve priorizar a vida – a cultura do viver bem -, uma cultura que não seja orientada exclusivamente pela lógica da mercadoria. Espera-se, dessa forma, contribuir com subsídios visando fortalecer os objetivos relacionados à formação integral e emancipatória no interior do IFRS, e, ao mesmo tempo, agregar elementos oriundos de culturas não hegemônicas ao debate na área da EF no que tange à sua utilidade no espaço escolar.