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Disputa dos presidenciáveis pelo apoio pentecostal: a importância do voto evangélico nas eleições brasileiras de 2022
Bianca Elizabeth Suthoff Lunkes, Janine Bendorovicz Trevisan

Última alteração: 21-11-2022

Resumo


O crescente ativismo político dos evangélicos pentecostais, muitas vezes justificado como uma missão divina de representação dos fiéis, vem sendo demonstrado em diversos estudos acadêmicos. As reivindicações desse grupo mobilizam os candidatos presidenciáveis, na medida em que o voto evangélico tem se mostrado relevante nas urnas desde a redemocratização do Brasil. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha três dias antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, por exemplo, o grupo religioso que teve a maior diferença de intenção de voto entre os dois candidatos (Jair Bolsonaro, do PSL e Fernando Haddad, do PT) foi o evangélico, com mais de 11 milhões de votos. Considerando que o candidato Jair Bolsonaro, em grande medida apoiado pelo segmento evangélico, venceu o pleito com uma diferença de 10,76 milhões de votos, pode-se perceber o quão decisivo esse grupo foi no resultado das eleições. A presente pesquisa busca aprofundar a compreensão da relação entre religião e política no cenário democrático nacional atual, em especial, investigando estratégias utilizadas pelos presidenciáveis para obter o apoio dos evangélicos. A metodologia inclui análises de pesquisas eleitorais, debates, declarações públicas e alianças realizadas entre lideranças evangélicas e os candidatos à presidência da república durante todo o período de campanha eleitoral.  Até então, pôde-se perceber que os dois principais candidatos: Lula (PT), e Bolsonaro (PL) estão dedicando grande parte de seus discursos e de sua campanha para obter a simpatia desses fiéis. Ambos utilizam estratégias que incluem a articulação de alianças com lideranças religiosas e o discurso de demonização  do oponente. Bolsonaro continua contando com o apoio do pastor Silas Malafaia (líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo), e do bispo Edir Macedo (fundador da da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da emissora de televisão Record). Ambos são líderes das duas maiores igrejas pentecostais do Brasil, cuja campanha em cultos pode ser decisiva na escolha de voto dos seus fiéis. O então presidente também continua defendendo a pauta moral que condiz com os valores da maioria dos cristãos, como a criminalização do aborto e a oposição aos direitos civis da comunidade LGBTQIA+. Lula propõe aos evangélicos marginalizados a esperança de melhora no preço dos produtos, e vem lembrando que em 2003 sancionou lei que garantiu personalidade jurídica às organizações religiosas, além da oficialização do Dia Nacional da Marcha para Jesus, como forma de afirmar aos evangélicos que as demandas religiosas são levadas em consideração no seu governo. A análise dessas estratégias possibilita a compreensão da influência do voto evangélico no resultado das eleições presidenciais de 2022. Assim, a realização dessa pesquisa vem contribuindo consideravelmente com o debate sobre a influência dessa esfera de poder cristã na sociedade e a laicidade do Estado brasileiro.

Palavras-chave


Política; Religião; Eleições de 2022;

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