A agricultura familiar é a categoria com maior expressividade mundial em número de unidades de produção agropecuárias. Nesse setor, predominam as pequenas unidades de produção e mão de obra majoritariamente familiar. Considerado esse contexto, atividades como a bovinocultura de leite são essenciais por permitirem serem desenvolvidas de forma intensiva, demandando menores áreas. No Brasil, a bovinocultura de leite é predominantemente desenvolvida em estabelecimentos familiares e tem garantido, a décadas, geração de renda, retenção de mão-de-obra e reprodução familiar. Porém, um importante desafio para a agricultura como um todo e para a bovinocultura de leite de modo específico é a sucessão familiar. Os fatores de expulsão do campo como atividade penosa, falta de incentivos dos pais, incertezas etc.; somado aos fatores de atratividade urbana, como maior autonomia, lazer, emprego, renda própria etc. têm gerado problemas nos processos sucessórios, com dificuldades de renovação geracional, masculinização e sucessão tardia na agricultura. Considerando esse contexto, desde o ano de 2017 está sendo desenvolvido o projeto de extensão “Quem vai cuidar da ‘Mimosa’? Sucessão familiar na bovinocultura de leite”, o qual tem como objetivo auxiliar no processo de sucessão rural, estimulando crianças e jovens a gostarem do campo a partir de identificação e conhecimento acerca da agricultura familiar e da bovinocultura deleite. O projeto realiza atividades para resgatar e valorizar a identidade de jovem rural; demonstra para as crianças e jovens a importância econômica e social da agricultura; desenvolve material didático relacionado à agricultura e bovinocultura deleite. Durante os seis anos do projeto várias ações já foram desenvolvidas. Especificamente no ano de 2022, foram elaborados dois livros com histórias em quadrinhos voltadas ao público infanto-juvenil e que explicam didática e ludicamente a cadeia produtiva do leite e derivados. Os materiais desenvolvidos ao longo da história do projeto vêm sendo utilizados em escolas de ensino básico, especialmente por docentes que têm maior sensibilidade com a temática. Os resultados do projeto apontam para mudanças graduais de cenário, levantando temáticas do campo e contribuindo para a valorização do agricultor, o que se reflete no maior interesse dos jovens pela agricultura. O projeto se relaciona ainda com ações de pesquisa (projetos institucionalizados) e de ensino (temas abordados em
sala de aula) e, juntos, formam um tripé que qualifica ambas as ações e permite o desenvolvimento da agricultura familiar. Também se beneficiam da experiência os estudantes bolsistas, os quais passam a ter contato com uma temática e referências atuais, são desafiados a transformar o conhecimento técnico e científico para que seja acessível às crianças e jovens e têm a oportunidade de socializar e se inserir na comunidade acadêmica.