Última alteração: 21-11-2022
Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo explorar e descrever a estética “preta patrícia” - que vem, cada vez mais, tomando espaço entre as mulheres negras - a partir do videoclipe de mesmo nome, da Mc Taya. Este artefato parece apresentar uma ampla diversificação de corpos, estilos de vida e vestuário possíveis para as mulheres negras. Os termos ‘“afropaty” e “petricinha” podem ser considerados sinônimos à “preta patrícia”, representando então uma positividade no estilo de vida das mulheres negras que se apoderam desse conceito. A relevância de estudar esta estética, carregada de originalidade, parece possibilitar outro olhar sobre a elevação social da mulher negra, positivando seus diversos traços e sua estética, e que constroem uma identidade do que seria considerada uma “Preta Patrícia”, suas referências e identificações com estilos representativos de mulheres negras. Como ferramentas teóricas de análise serão apresentados os conceitos de interseccionalidade, representação e identidade. Para pensar a interseccionalidade, autoras como Carla Akotirene (2019) e COLLINS, Patrícia Hill; BILGE, Sirma (2021). Para os conceitos de identidade e representação, Guacira Lopes Louro (2013), Tomaz Tadeu da Silva (2014) e Kathryn Woodward (2014) serão acionadas. Os conceitos vão operar para pensar como a estética “Preta Patrícia” atravessa e marca o videoclipe, a partir de processos de “desmontagem” do videoclipe. Para isto, utilizou-se inspiração na etnografia de tela (Balestrin; Soares, 2014; Tavares, 2018, 2020, 2021), e montou-se de tabelas que apresentam os elementos da produção: letra da música, descrição visual, descrição de áudio, o tempo de cada quadro a ser analisado e descrito, além, inserido em outro tipo de desmembramento palavras-chave de cada cena explorada, para tornar possível compreender as conexões entre os elementos presentes no vídeo. As análises possibilitaram descrever os corpos, os adereços, as vestimentas e outros elementos que possibilitam um vislumbre da estética “Preta Patrícia” e seus desmembramentos e a contribuição para cada mulher negra representada pelo estilo.