Portal de Eventos do IFRS, 6º SALÃO DE PESQUISA, EXTENSÃO E ENSINO DO IFRS

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O impacto da divisão sexual do trabalho na permanência e no êxito de jovens mulheres
Kauane Santos de Oliveira, Vanessa Soares de Castro, Marina Luft, Juliana Battisti

Última alteração: 18-11-2021

Resumo


Este trabalho visa discutir a permanência e o êxito de estudantes mulheres do IFRS, observando como a divisão sexual do trabalho se interpõe em sua formação, a partir dos resultados da primeira etapa da pesquisa “Relações de poder e divisão sexual do trabalho na educação profissional”, realizada com estudantes do Ensino Médio Integrado dos campi Ibirubá (Agropecuária, Informática e Mecânica) e Restinga (Eletrônica, Informática e Lazer). O Plano Estratégico de Permanência e Êxito do IFRS salienta que o fracasso escolar é o “resultado da maneira como a escola recebe e exerce ação sobre os sujeitos”. Entretanto, as medidas para lidar com a evasão não podem ter caráter genérico, devendo levar em conta as contradições e especificidades encontradas na realidade institucional. Nos propomos a discutir um desses fatores que reproduzem as contradições presentes na realidade da educação profissional: a divisão sexual do trabalho e como ela cria e mantém as relações de gênero (em intersecção com raça e classe) na sociedade. Buscamos analisar as dificuldades vivenciadas pelas meninas para permanecer nos cursos, questionando seu êxito na instituição, bem como observar os entraves no acesso das jovens ao conhecimento técnico e como esses podem impactar sua formação e sua futura atuação profissional. Os dados analisados são fruto de um questionário online com questões abertas e fechadas aplicado junto às participantes, e de informações do Diagnóstico Discente do IFRS de 2019. As meninas disseram notar diferenciações de gênero por diferentes agentes da escola: “Os meninos sempre têm prioridade na hora de responder a questões e fazer as partes práticas.” (Curso de Informática), “(...) os técnicos do laboratório dão mais credibilidade para os meninos operarem nas máquinas, eu particularmente já fui ‘retirada’ de um aparelho específico por um técnico supervisor, quando inúmeros meninos podiam operá-lo” (Curso de Mecânica). Dados do Diagnóstico Discente também demonstram que as meninas têm menos pretensão de seguir nas suas áreas após a conclusão do curso do que os meninos e, além disso, cogitam mais do que os meninos a hipótese de desistir do curso. Os resultados permitem afirmar que a divisão sexual do trabalho se apresenta de formas similares em todos os cursos dos campi investigados, com exceção do Lazer, enquanto uma área ligada ao trabalho reprodutivo, em que o fenômeno possui peculiaridades. O tratamento dispensado às estudantes por diversos agentes impacta a formação, a avaliação do curso e sua projeção como futuras profissionais, de modo a reproduzir o discurso biologizante das capacidades humanas para o trabalho. Acreditamos que o IFRS precisa olhar para as questões de gênero para garantir a permanência e o êxito das meninas, colaborando para que criem uma noção mais positiva de si enquanto futuras profissionais.

Palavras-chave


Permanência e êxito. Divisão sexual do trabalho. Ensino médio integrado.

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