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A coleta seletiva de resíduos com efeito adverso sobre o meio ambiente
Laura Duarte Roehe, Marcelo Luiz Pereira

Última alteração: 12-11-2021

Resumo


O crescimento econômico e a preservação ambiental historicamente são vistos como conflitantes. A sustentabilidade, porém, busca formas de desenvolvimento ambientalmente, economicamente e socialmente sustentáveis. O aproveitamento e reciclagem de materiais são desafios que permeiam a sociedade contemporânea na busca pelo desenvolvimento sustentável. A coleta seletiva de resíduos apresenta-se como uma ação prioritária neste contexto, pois reduz a quantidade de resíduos em aterros, gera emprego e renda. Entretanto, este processo também possui custos, cuja má administração pode fazer com que a ação seja menos sustentável do que o desejado. O risco de uma ação que busca sustentabilidade ter efeito contrário precisa ser estudado. Este projeto avaliou criticamente a coleta seletiva de resíduos no município de Canoas, RS. O estudo teve como objetivo analisar a relação entre a forma de remuneração das cooperativas de coleta seletiva e triagem de resíduos com o impacto ambiental de sua atuação. Neste sentido, identificou-se os principais atores envolvidos no processo e avaliou-se a forma de funcionamento e remuneração das cooperativas. A pesquisa teve abordagem qualitativa, sendo estruturada a partir de entrevistas com agentes envolvidos na coleta seletiva e pesquisa bibliográfica. Os resultados apontam que a cadeia de agentes da coleta seletiva envolve 6 elos: os reguladores; a origem dos materiais; o serviço de coleta seletiva; a triagem dos materiais; os atravessadores; e as empresas de reciclagem. A entrevista com a responsável por uma das cooperativas mostrou que elas dependem do subsídio fornecido pela prefeitura para manutenção de sua operação, uma vez que apenas 25% do seu orçamento advém da venda dos resíduos triados. 75% do orçamento da cooperativa advém do contrato com a prefeitura e possui um valor fixo, independente do volume de resíduos coletado e triado. A entrevista com o gestor da secretaria de meio ambiente confirmou esse modelo de remuneração, sem relação com volumes de resíduos. Ambos entrevistados referendaram que o modelo de remuneração não incentiva o aumento do volume de resíduos, uma vez que, caso haja volume excessivo nas rotas de coleta, a cooperativa não terá o custo adicional de transporte coberto pelo contrato com a prefeitura. Conclui-se que este modelo não incentiva o aumento do volume de resíduos coletados e tratados, se configurando em uma ação com impacto ambiental limitado, ou, no limite, uma ação com efeito anti-ambiental, uma vez que o transporte se dá através de veículos poluentes, que coletando pouco ou muito resíduo serão remunerados com o mesmo valor. Trata-se assim de um incentivo a um baixo nível de reciclagem.


Palavras-chave


Economia colaborativa. Reciclagem. Sustentabilidade.

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