Última alteração: 18-11-2021
Resumo
O presente trabalho realiza uma análise de registros fonográficos e performances ao vivo dotrio paulistano Rakta, que desde 2013 tem experimentado sonoramente, em uma vastadiscografia. As sonoridades da banda tem como base o dub e o pós-punk, se inserindo assimna cena de música experimental e alternativa. Conforme a crítica especializada e alguns deseus espectadores, o contexto de suas performances, com luzes vermelhas e muitas sombras,pouco diálogo com o público e longas peças instrumentais e repetitivas remete a algopróximo de um ritual. Com isso, a obra da banda nos permite analisar a força afetiva dasonoridade de suas composições musicais, bem como as transformações corpóreas quedecorrem dessas atualizações de timbragem, pelo fato de suas integrantes se apropriarem dediferentes instrumentos musicais para tal. Sendo assim, temos como proposta que o timbrepode ser observado como um signo que toma forma através de uma lógica imanente, ou seja,ele é resultado das maquinações entre agentes humanos e não humanos (como osequipamentos de áudio, instrumentos musicais, pedais de efeito, microfones, até mesmo aambiência do palco e o espaço acústico formado pela banda, platéia e casa noturna afetam atimbragem). Trata-se portanto de um acontecimento resultante da mistura de corpos. Ainda,para nossa análise, importa observar o timbre não apenas em seu momento de atualização,mas também se sua virtualização, uma expansão de sentidos, desdobramentos e atualizaçõesque são constantes através dessa dobra afetiva. Assim, as semioses afetivas do timbre na obrada Rakta acabam sendo entendidas através de micropolíticas que são expressadas devido aessa formação afetiva, como o feminismo, políticas do corpo, modos de compreender o ato decriação e o que pode ser significado através das timbragens, entre outros elementos capazesde dar existência a novos contextos que devêm das timbragens.