Última alteração: 10-11-2021
Resumo
O presente trabalho visa apresentar uma discussão teórica sobre as relações de gênero que perpassam o contexto educacional dos cursos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Erechim. Esta discussão se apresenta no âmbito do projeto intitulado “Estudo sobre as relações de gênero nos cursos técnicos subsequentes, graduações e pós-graduações do IFRS - Campus Erechim”, iniciado no ano de 2021 e com previsão de finalização em 2023, sendo dividido em duas etapas: pesquisa documental e estudo de campo. Esta pesquisa situa-se na primeira fase do projeto, e tem como metodologia uma observação quanti-quali (mista), utilizando pesquisa documental e bibliográfica nas áreas de História e Ciências Sociais. O objetivo é perceber como as imposições sociais interferem na vida profissional e educacional das mulheres e demais grupos marginalizados pela visão androcêntrica. Como resultado parcial, percebe-se que a sociedade é moldada para evidenciar o homem heterossexual e tudo que desprende-se desta normativa tem um valor (moral, social e mercadológico) inferior. As imposições sofridas pelos demais grupos vêm moldando a forma como eles se posicionam socialmente e as suas escolhas pessoais, como é o caso da profissão a ser escolhida. Percebe-se também que a sociedade atribui papéis profissionais seguindo a ideia da binariedade dos corpos, apoiando-se na visão de que determinadas atividades de destaque devem ser realizadas exclusivamente por homens, determinando assim uma inferioridade aos demais gêneros. Por meio de um levantamento de dados sobre ingresso, evasão e conclusão de estudantes dos cursos técnicos e superiores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Erechim, fornecidos pelo setor de Registros Escolares, foi possível confirmar que as imposições sociais realmente influenciam nas escolhas profissionais dos indivíduos e que existe uma divisão e expectativa sobre a profissão que deve ser seguida conforme a determinação do sexo. Enquanto a área de Moda possui uma média de 93,0% de estudantes do sexo feminino e 7,0% do sexo masculino, a área de Mecânica apresenta 91,3% de estudantes do sexo masculino e somente 8,7% do feminino. Conclui-se que a delegação de poder e superioridade que a sociedade patriarcal faz à figura masculina, repleta de estereótipos e normativas, têm efeitos duradouros na forma em que os seres humanos se relacionam e em suas escolhas.