Última alteração: 21-01-2021
Resumo
A realidade do ensino superior brasileiro é construída e demarcada a partir das desigualdades de classe e, consequentemente, das desigualdades de oportunidades tanto de acesso quanto de permanência nestes espaços. Neste âmbito, a presente pesquisa busca compreender em que medida a origem social e as instituições escolares repercutem na percepção e formação das trajetórias dos agentes estudantis de camadas populares, visando o ingresso no ensino superior público. A investigação tem como base um estudo comparativo entre a realidade do Ensino Médio Regular e o Ensino Médio Profissional, tendo como contexto, respectivamente, uma escola pública periférica da cidade de Porto Alegre/RS e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica (PROEJA) do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). O desenvolvimento da pesquisa é baseado em metodologia qualitativa aplicada e metodologia quantitativa, com a utilização de observação participante, questionários e entrevistas semiestruturadas para obtenção de dados. Como resultado parcial, destaca-se que o ensino superior, de forma geral, não está presente nos projetos de vida dos estudantes, sendo a etapa do ensino médio uma ponte para o mundo do trabalho, considerada apenas como uma fase escolar obrigatória. Espera-se que, a partir desta pesquisa, os agentes estudantis pertencentes às camadas populares percebam, por meio da inserção de novas disposições e visões de mundo, novas perspectivas relacionadas ao seu destino escolar e (re)pensem a construção do seu horizonte de possibilidades. A partir disso, visamos rupturas na naturalização dos processos e mecanismos de reprodução social/educacional e mostra-se viável uma perspectiva de mobilidade social ou de mudanças de trajetórias ou, pelo menos, coloca-se como um ponto de partida que pode influenciar as dinâmicas das próximas gerações.