O processo criativo e a produção artística desse projeto proporcionam relações que se inscrevem na materialidade da argila e na potencialidade expressiva da linguagem cerâmica.  A partir de vários episódios na atuação enquanto educadorartista, alguns aspectos do povo Mbya Guarani, um dos grupos culturais que contribuem expressivamente para a produção poética dos artistas ceramistas do Sul do Brasil, foram colocados em evidência e, portanto, nos interessam neste estudo. A produção poética é um processo contínuo, as obras artísticas que se constituem nas relações, ou seja, a arte relacional, compõem uma boa parte do conjunto das produções artísticas contemporâneas, e operam no contexto teórico e prático de interações culturais entre as pessoas, coletividades e arte, configurando processos interculturais. No contexto da produção, o artista elege as tecnologias que dialogam com os sentidos e significados, com os conceitos que emergem da maneira de trabalhar, dos procedimentos, das materialidades. O objetivo está em problematizar e movimentar reflexões que reverberem na produção e apresentação poética de obra artística em cerâmica, de autoria da educadorartista, constituídas a partir do estudo e reconhecimento da produção cultural material Guarani e de artistas sul brasileiros, potencializando a arte como conhecimento. Neste estudo, a metodologia contempla uma abordagem exploratória e experimental na área da cerâmica, cujo processo experimental, criativo e produtivo é explorado nos procedimentos técnicos que dialogam com a poética. O processo de produção tem várias etapas. A partir da criação das obras, foram iniciados os procedimentos de modelagem que dialogam com a construção por cordões e placas de argila marfim e branca. Depois que as peças são modeladas, definindo as formas desejadas, são aplicadas as texturas e acabamentos planejados para as obras. A argila é um material que exige rigor técnico na modelagem. Depois, as peças seguem para a secagem e para a queima, cuja diversidade produz o design das superfícies que carregam expressividade. Os resultados trazem, no campo conceitual, a abordagem das demandas sociais vividas atualmente pelos povos originários brasileiros, com a destruição das florestas pelas queimadas. A vida do povo Guarani é diretamente relacionada ao meio ambiente e, na sua cosmovisão, a natureza preserva a vida no planeta. De alguma forma, a floresta tem a memória ancestral da vida humana. Essas possibilidades expressivas de ordem conceitual e técnica são estudadas para a elaboração expressiva da obra artística. As escolhas técnicas tratam de potencializar o sentido da arte entre a morte e a vida.