Última alteração: 11-01-2021
Resumo
Esta pesquisa aborda o aprendizado da língua portuguesa por imigrantes haitianos que participaram do Curso de Extensão de Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados, ofertado pelo IFRS-Campus Bento Gonçalves, entre os anos de 2018 e 2019. O referido curso tem como propósito proporcionar um aprendizado da língua que permita aos sujeitos se comunicarem em situações reais de interação, auxiliando-os no processo de integração à sociedade brasileira. O objetivo da pesquisa é verificar a proficiência linguística de três alunos egressos do Curso, através da análise da sua produção oral. O Ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc), que ampara teoricamente a pesquisa, tem como característica principal o público a que se destina: imigrantes ou refugiados, geralmente em situação de vulnerabilidade social e que precisam reconstruir sua cidadania no novo país. Assim, proporciona-se um aprendizado que vai além de conhecimentos linguísticos, possibilitando o acesso a saberes relacionados ao novo contexto em que o imigrante está inserido, abordando temas relacionados à saúde e educação, direitos e deveres, trabalho e cultura. A pesquisa de caráter descritivo e qualitativo, utilizou como metodologia um estudo de caso com a realização de entrevistas semiestruturadas a três imigrantes haitianos egressos do Curso, as quais foram transcritas e analisadas a partir dos descritores da oralidade do Quadro Europeu Comum de Referência (QECR). Utilizou-se o QECR por permitir a adequação a diferentes contextos de ensino e por ser reconhecido internacionalmente como um instrumento de avaliação de idiomas. O QECR sugere, a partir de quadros de descritores, quais aspectos linguísticos o aluno deve desenvolver em diferentes campos de uso da língua e em diferentes níveis de proficiência, que são divididos em utilizadores elementares (níveis A1 e A2), independentes (B1 e B2) e proficientes (C1 e C2). Para a finalidade desta pesquisa, o foco foram os descritores referentes aos utilizadores elementares, visto que são os que abrangem os conteúdos estudados no Curso de Extensão. Os resultados obtidos mostram que os estudantes foram capazes de atingir o que é proposto pelo QECR nos níveis A1 e A2 no que diz respeito à oralidade, porém o fizeram utilizando recursos linguísticos e discursivos diferentes. Nota-se também a apropriação da gramática do idioma, a expansão do léxico, a capacidade de realizar trocas de turno e de reformular enunciados. Além disso, a pesquisa permitiu observar que o Curso de Extensão vem cumprindo seu propósito, contribuindo para um aprendizado efetivo da língua portuguesa.