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FREQUÊNCIAS E TRANSGRESSÕES SINTETIZADAS Afecções timbrísticas e o uso do sintetizador na obra da banda Rakta
Eric Pedott, Marcelo Bergamin Conter

Última alteração: 05-01-2021

Resumo


O presente trabalho busca compreender como o timbre dos sintetizadores (instrumentos musicais como teclados eletrônicos) atravessa a obra da banda paulista Rakta, promovendo semioses afetivas. Saída da cena pós-punk, iniciou seus projetos em setembro de 2011 utilizando guitarra, baixo, bateria e teclado. Mesmo com essa formação, o grupo não segue a estrutura convencional da forma canção da música pop, e sim, uma performance ritualística que transgride esse regime. Devido a saída da guitarrista, Paula Rebellato (voz e teclado sintetizador), Carla Boregas (voz, baixo e módulo oscilador) e Maurício Takara (bateria) sentiram a necessidade de preencher de alguma forma o espaço deixado, expandindo o limite de espectro de frequências tradicionalmente ocupado pelo rock, proporcionando novas camadas sonoras, junto do vocal com pedais de efeito e o teclado sintetizador tocado de forma anti-convencional, que remetem a uma certa postura punk. O sintetizador também é utilizado pela baixista em certos momentos, onde um módulo de oscilação é ligado ao bumbo do Maurício. O material que compõe o corpus são registros fonográficos (discos e arquivos Mp3), algumas performances ao vivo publicadas no YouTube, e, em especial, uma entrevista que realizamos com os membros da banda. Reconhecemos intuitivamente na sonoridade da banda analisada esta reorganização sensível realizada pelo sintetizador. O nosso desafio é o de expressar textualmente esta transformação. Para tanto, partimos da teoria dos afetos proposta pelo filósofo Gilles Deleuze pensando afeto através de Espinoza. O afeto é um acontecimento incorpóreo, o resultado da diferença, e deste acontecimento novos afetos podem ocorrer. Assim, o timbre é aqui apresentado como um evento que não é reduzido apenas a sua forma atual, mas também pertencente a uma máquina social técnica que permite que ele se atualize em desdobramentos afetivos (semioses) que expandem sua virtualidade. Com isso, buscamos compreender como o sintetizador gera afeto e é afetado, operando processos maquínicos em meio a diferentes usabilidades. Notamos que as mudanças de formação da banda forçaram adaptações incomuns no trio, o que estimulou processos de singularidade especialmente a partir dos instrumentos de síntese sonora. Sons subs-graves e agudos estridentes expandem o espectro sonoro típico de bandas de pós-punk, no qual a produção de timbres e ritmos se articulam para a criação de um território de significação ritualístico e maquínico, numa intensa mistura entre corpos orgânicos e instrumentos eletrônicos.


Palavras-chave


Teoria dos Afetos, timbre, sintetizadores.

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