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A CATARSE NA PRODUÇÃO TEXTUAL DE ESTUDANTES DO PROEJA DO INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, CAMPUS PORTO ALEGRE
Fernanda Matos de Oliveira, Jaqueline Rosa da Cunha

Última alteração: 26-01-2021

Resumo


O presente trabalho apresenta a produção textual catártica de estudantes do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica, na Modalidade de Jovens e Adultos (PROEJA), atendidos no laboratório de apoio didático de Língua Portuguesa (LAD), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Porto Alegre. Durante meu tempo como bolsista no LAD, foi possível observar que a adaptação de uma metodologia para produção textual acabava por contemplar outros processos, indo muito além do domínio da norma culta da língua. Na maioria dos(as) estudantes atendidos(as) no laboratório, a produção de textos dissertativos lhes causava uma efusão de emoções e uma rememoração de suas trajetórias de vida. Essa percepção permitiu compreender, de maneira mais profunda, quais os mecanismos multidisciplinares envolvidos na produção textual. Teve-se como objetivos: compreender os modos de agir, pensar, ler e escrever desses estudantes; e o porquê de suas dificuldades em expôr suas ideias e argumentos; além de observar a crítica genética dessas produções e entender em que momento ocorre a catarse de suas ideias. Para compreender a escrita catártica como um modo de incentivar a dissertação, os estudos das produções dos estudantes foram baseados em conceitos de diversas áreas das ciências humanas e sociais, desde uma análise sob a ótica da Linguística Aplicada (obras de Mikhail Bakhtin, Ferdinand de Saussure, Michel Pêcheux), passando pelo campo da Filosofia (contribuições de Michel Foucault), da Pedagogia (obras basilares de Paulo Freire), da Psicologia (vislumbrando a catarse por uma perspectiva Freudiana) e da Sociologia (analisando as relações de poder e seus impactos no sujeito como ser político de sua história). O processo da escrita catártica envolve questões mais multidisciplinares do que linguísticas. Os(as) estudantes não deixam de escrever apenas por não possuírem domínio das normas da Língua Portuguesa, mas por não se sentirem autônomos de sua historicidade e reprimidos pelas instituições que frequentam. Sendo assim, quando motivados(as) a produzirem sobre temáticas que mexiam com suas feriadas emocionais, ocorriam as travas e surgiam as dificuldades de escrita. Quando eram incentivados(as) a escrever sobre temas gerais, a escrita fluía. Sendo assim, é inegável o auxílio que o LAD proporciona a cada estudante e a estímulo que oferece a pessoas que, muitas vezes, desacreditam do seu potencial de escrita, pensando que é falta de conhecimento da própria língua materna. Este é um projeto que está com 7 anos, mas que certamente, merece chegar mais longe.



Palavras-chave


PROEJA. Produção textual. Catarse.

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