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Panorama global da sucessão geracional na agricultura
Lucas - Debastiani, Raquel Breitenbach, Raquel Breitenbach, Graziela Corazza

Última alteração: 06-12-2019

Resumo


A agricultura familiar é um setor importante social e economicamente em nível mundial. Entretanto, mudanças no meio rural brasileiro acenam para aumento no tamanho médio das propriedades rurais, envelhecimento e masculinização dos trabalhadores do campo. Isto é tanto causa quanto consequência do acentuado fluxo migratório dos jovens da zona rural para a urbana, com maior migração das jovens mulheres. A partir deste contexto de sucessão geracional na agricultura brasileira, questiona-se: como está ocorrendo a sucessão geracional na agricultura no cenário internacional? Essa pesquisa averiguou estas questões, examinando o cenário do processo sucessório em nível global. Se objetivou verificar se, em nível internacional, são encontrados problemas no processo sucessório familiar na agricultura. Especificamente buscou-se: identificar onde o problema ocorre e quais as soluções encontradas; determinar quais fatores incentivam a migração dos jovens; e verificar se existe distinção de gênero no processo sucessório. Metodologicamente, realizou-se pesquisa bibliográfica nas principais bases de dados científicos, utilizando os termos: “agricultura familiar”, “migração rural-urbana”, “jovens rurais”, “permanência no campo”. Posteriormente, os artigos foram analisados pelo gerenciador de referências “QDA Miner Lite®”. Como resultados, obteve-se que, em todo o mundo, vem ocorrendo: aumento no tamanho médio das propriedades rurais; envelhecimento da população rural; aumento da migração rural-urbana, especialmente das jovens mulheres. Isso contribui para a descontinuidade das propriedades familiares cujos proprietários têm idade avançada e não identificaram sucessor. Ainda, se percebeu tendência de masculinização da população rural mundial, especialmente pela convergência cultural dos pais em preferirem os filhos homens para repassar o patrimônio e para serem sucessores. Constatou-se também a nível global, que a migração dos jovens rurais para a cidade decorre de: busca por formação profissional; oportunidades de emprego; menor carga horária e penosidade do trabalho; diferentes opções de lazer; falta de infraestrutura produtiva dentro e fora das propriedades; desvalorização do trabalho agrícola, especialmente dos jovens; falta de apoio governamental através de políticas públicas na agricultura. Os problemas de permanência dos jovens no campo têm similaridades em diferentes locais do mundo, bem como as suas motivações. Conclui-se que isso reafirma a necessidade de a sociedade discutir e criar condições para assegurar a continuidade dos jovens na agricultura, contribuindo para manutenção dos estabelecimentos familiares e da produção de alimentos. Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir nas discussões acadêmicas, na formulação de políticas agrícolas, nos processos sucessórios nas propriedades e, consequentemente, para o desenvolvimento rural.

Palavras-chave


Êxodo rural; Masculinização; Agricultura familiar

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