Última alteração: 14-03-2018
Resumo
A defesa, na Contemporaneidade, pela utilização de tecnologias móveis sem fio (TMSF) na Educação Básica está atrelada à presença destes artefatos nas formas de ser, de se relacionar, aprender, comunicar, de agir dos sujeitos. O objetivo da pesquisa aqui apresentada foi problematizar os discursos que enaltecem o uso de TMSF como ferramentas para a aprendizagem. Mais do que isso, pretendeu-se conhecer a rede que se constitui e que propaga diretrizes que orientam a utilização destes artefatos no processo de ensino e de aprendizagem. A importância de desenvolver tal problematização está relacionada à ênfase atribuída, na atualidade, à aprendizagem e, em especial à aprendizagem móvel. Para tanto, por meio da metodologia da etnografia de rede, foram escrutinados dez documentos – entre eles, documentos elaborados por organizações supranacionais, por empresas privadas e políticas públicas – e construída uma rede que possibilitou a identificação das ligações entre os sujeitos e as diferentes agências que orientam e regulam políticas globais e que, de diferentes formas, têm implicações na educação brasileira. Além disso, com o apoio do conceito-ferramenta de discurso, realizou-se uma analítica sobre os documentos, exercício que possibilitou a identificação de três ênfases, que são: aprender em qualquer lugar, individualização da aprendizagem e, a necessidade de aprender ao longo da vida. Com o embasamento teórico dos estudos foucaultianos, realizou-se uma problematização dos dicursos encontrados nos documentos analisados, bem como da rede construída por meio da pesquisa. Observou-se que os discursos demonstram a presença marcante do mercado global na educação escolarizada. Com isso se quer dizer que foram percebidas estratégias que organizam o campo de ação dos sujeitos para que, por meio da noção de aprendizagem, os sujeitos aprendam a fazer investimentos em si mesmos e a se constituírem como empresários de si mesmo. A rede construída nesta pesquisa, a partir dos discursos que a atravessam, produzem formas de ser, de sentir, de se relacionar, de se comportar, de conduzir a si mesmos e aos outros que estão em consonância com os ditames do mercado, para quem interessa a proliferação do consumo. Assim, os documentos que propagam a utilização de TMSF na educação, ao mesmo tempo em que são produzidos pelos sujeitos, também são produtores de comportamentos sociais, políticos e econômicos que forjam os próprios sujeitos. Cabe pontuar que a intenção da pesquisa não foi prescrever práticas nem contrariar as potecialidades destes recursos, apenas entende-se ser relevante investigar como é disseminada a necessidade do uso das TMSF como recurso para a aprendizagem.