Última alteração: 31-10-2016
Resumo
O câncer de colo uterino humano ocupa o quarto lugar de incidência na população feminina mundial e o terceiro no Brasil. Além disso, os efeitos adversos induzidos pelos tratamentos disponíveis e a alta possibilidade de recorrência, justificam a importância de estudos que avaliam o potencial antineoplásico de diferentes espécies vegetais. Tagetes ostenii H. é uma espécie pertencente à família Asteraceae, composta por diferentes plantas produtoras de óleos com importância comercial conhecida. Apesar das restritas informações sobre T. ostenii, as demais espécies do gênero Tagetes foram descritas com atividades antibacteriana, antifúngica, larvicida, inseticida, antiparasitária, anti-hiperglicêmica e antioxidante. Dada a ausência de estudos que descrevam as características biológicas do seu óleo essencial, este trabalho visa investigar os efeitos do tratamento com os óleos essenciais obtidos de folha e flor de T. ostenii em células de câncer cervical humano, bem como avaliar a possível citoxidade em células não tumorais humanas. Para isso, células de câncer uterino (SiHa), e queratinócitos humanos imortalizados (Hacat - controle não tumoral) foram cultivadas em meio DMEM/10% de soro fetal bovino (FBS) e mantidas a 5% CO2 e 37. Os óleos voláteis foram obtidos a partir do material fresco submetido ao processo de hidrodestilação em aparelho tipo-Clevenger e analisados utilizando cromatógrafo a gás acoplado a um detector de massas (CG-EM). As células foram semeadas em placas de cultura e tratadas com os óleos obtidos nas concentrações de 0,01 - 30 μg/ml durante 24 horas utilizando propilenoglicol como veículo. Para estudo da viabilidade celular realizou-se o ensaio de MTT (0,5 mg/mL) nas células tratadas com os óleos, controle (DMEM) e controle veículo em ambas as linhagens, SiHa e Hacat. A análise química do óleo da folha revelou a presença dos compostos majoritários dihidrotagetona (64.2%) e (Z)-tagetona (15.9%), enquanto que para a flor os compostos (Z)-β-ocimene (26.1%), (Z)-ocimenona (17.6%) e (E)-ocimenona (40.0%) foram identificados. O tratamento com as diferentes concentrações dos óleos inibiu de forma significativa e pronunciada (acima de 90%) a viabilidade das células tumorais, enquanto as concentrações testadas não induziram efeitos inibitórios significativos sobre a viabilidade da linhagem não tumoral. Dessa forma, destaca-se a importância de estudos com os óleos essenciais de T. ostenii como uma nova perspectiva terapêutica para o tratamento do câncer cervical.