Última alteração: 01-11-2016
Resumo
Efluentes líquidos industriais contêm inúmeros compostos orgânicos, sendo que um dos principais problemas enfrentados nas estações de tratamento de efluentes é a presença de compostos orgânicos não biodegradáveis. Entre as principais alternativas para remoção destes compostos estão os processos oxidativos avançados (POA’s), que se baseiam na formação de radicais hidroxila, agentes altamente oxidantes. Estes radicais podem reagir com uma grande variedade de compostos orgânicos, promovendo sua mineralização. De forma semelhante ao que ocorre na reação do processo fenton (POA) com o íon ferro, o objetivo do trabalho é avaliar o emprego do iodeto (I-) como catalisador da decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2) em radical hidroxila para degradação de compostos. A grande vantagem do uso do I-, frente ao tradicional processo fenton homogêneo, é a formação de iodo insolúvel ao final da reação sendo possível facilmente remove-lo por um processo de sedimentação ou filtração. A metodologia consistiu em avaliar o potencial da atividade catalítica do I- para decomposição do H2O2, por meio do acompanhamento da medida volumétrica da quantidade de O2 formado durante 45 minutos de reação, em diferentes pHs (2, 3 e 7). As reações foram conduzidas a temperatura ambiente, primeiramente utilizando soluções de H2O2, KI e água destilada. E na segunda etapa, os ensaios foram conduzidos empregando uma solução de azul de metileno (AM), como molécula modelo de um contaminante no lugar da água. Também foram realizados ensaios cinéticos de degradação oxidativa, estes foram conduzidos em batelada, a temperatura ambiente. Após o tempo de reação, as amostras foram centrifugadas e analisadas por espectrofotometria no UV-Vis (λ= 665 nm). Os resultados da atividade catalítica para pH 2, mostraram um aumento gradativo na produção de O2 em água, já com AM não houve produção de O2. Esta tendência sugere um efeito inibidor do AM em relação à decomposição do H2O2, o que é característico de um mecanismo radicalar de decomposição do H2O2. Os pHs 3 e 7 avaliados não apresentaram mecanismo radicalar. Os ensaios de degradação oxidativa em pH 2, apresentaram uma decomposição de 94% do AM e também a formação de cristais de iodo já nos três primeiros minutos, mostrando que a reação ocorre instantaneamente. Sendo assim, os resultados estão de acordo com os dados teóricos da reação redox entre o H2O2 e I-. O I- atua como agente redutor do H2O2, conduzindo à geração do radical hidroxila, ou seja, o sistema constitui um processo oxidativo avançado.