Em todo o mundo os vinhedos têm sofrido com o declínio e morte de plantas ocasionadas por uma diversidade de fungos que em associação causam doenças de tronco. Dentre essas doenças, destaca-se o Pé-preto que ataca videiras jovens pelo seu sistema radicular. Seus principais agentes causais são fungos do gênero Cylindrocarpon spp. Devido a necessidade de diminuir o uso de agrotóxicos na agricultura, métodos alternativos como o uso de agentes de controle biológico tem sido adotados com frequência. Pesquisas apontam diversas espécies de bactérias endofíticas como agente de biocontrole em diversas culturas e contra diversos microrganismos. O objetivo do presente trabalho foi realizar o teste de antagonismo in vitro entre um isolado de Cylindrocarpon spp. (isolado 176 TD da micoteca do Laboratório de Fitopatologia do IFRS/BG, identificado morfologicamente como Cylindrocarpon spp.) e de bactérias endofíticas de videira. Foram realizados isolamentos de plantas de videira (Serra gaúcha, Rio Grande do Sul) onde obteve-se diferentes isolados de bactérias endofíticas, identificados de 1 a 30. O teste foi realizado utilizando-se placas de Petri contendo meio de cultura BDA. Inoculou-se um fragmento de 5 mm com micélio do fungo no centro da placa e distante a 2 cm das bordas inoculou-se a bactéria na forma de estria. Para o experimento as bactérias foram cultivadas em meio TSB mantidas em incubadora BOD por 72 horas à 28°C. Foram inoculadas 2 estrias por placa, padronizadas em 10 microlitros cada, com comprimento de 2 cm. Como controle foi colocado apenas o fragmento do fungo, sem acréscimo de nenhuma bactéria. Todos os tratamentos tiveram 5 repetições. Para teste de comparação de médias foram utilizados os dados do décimo dia após a inoculação. As médias do crescimento micelial foram comparadas por teste de Tukey 5%, através do programa estatístico SPSS. Do total de tratamentos, os isolados de bactérias endofíticas 1, 3, 20, 27 e 30 diminuíram o crescimento micelial de Cylindrocarpon spp., diferindo-se estatisticamente da testemunha, a redução de crescimento foi de aproximadamente 50%, 35%, 50%, 32% e 60%, respectivamente. Baseado nisso, conclui-se que isolados de bactérias endofíticas apresentam potencial uso como biocontrole do Pé-preto, porém há diferenças dos efeitos de cada isolado sobre o mesmo patógeno.