Última alteração: 31-10-2016
Resumo
Na década de 1970, período de Ditadura Militar, o quadro salarial do magistério público se encontrava em decadência. Além desta situação, os professores não se sentiam tratados como profissionais, mas como sacerdotes, que não mereciam grandes investimentos. Para lutar por melhores condições salariais, melhor investimento em educação e maior reconhecimento como classe trabalhadora, iniciou no Brasil o movimento de paralisações do magistério em 1979. No Rio Grande do Sul, a greve recebia apoio do CPERS, que organizava assembleias e paralisações. Mesmo com o expansivo número de participantes, as reivindicações não foram atendidas, e no ano seguinte, 1980, as paralisações continuaram com ainda maior adesão. No Litoral Norte Gaúcho, a cidade de Osório era ativa no movimento, contando com um núcleo do CPERS no município. Assim, a imprensa regional abordava a temática em diversas edições, e dois jornais de grande circulação na região traziam a temática: Folha do Litoral e Correio do Litoral. Assim, tendo em vista o papel de difusora e formadora de opinião da imprensa, o objetivo deste trabalho é analisar como a greve do magistério estadual nos anos de 1979 e 1980 foi divulgada pelos jornais da região do litoral norte. Este trabalho é um ramo do projeto de pesquisa intitulado “História da Educação: cultura escolar e acervos escolares em Osório-RS”, que visa preservar, compreender e divulgar a história das instituições educacionais na cidade de Osório, por meio da imprensa. Os periódicos utilizados foram disponibilizados pelo Arquivo Histórico Antônio Stenzel Filho, e além de transcrever e catalogar as notícias referentes à educação, também foram realizadas análises conforme as temáticas recorrentes. Logo, fez-se necessária a formação de referencial teórico-metodológico, para a realização da pesquisa. As leituras realizadas abarcaram tanto a utilização da imprensa como fonte de pesquisa, como o tema greves do magistério. Ao analisar as notícias sobre a greve publicadas nos jornais foi possível perceber que estas eram utilizadas hora para criticar, hora para apoiar o movimento grevista do magistério. Os dois periódicos apresentavam receio perante as consequências da greve, porém o jornal Folha do Litoral demonstrou uma postura indefinida, na tentativa de agradar as duas posições envolvidas, governo e magistério.