O presente estudo versa sobre as concepções de linguagem refletidas em tarefas de escrita, a partir das teorias de gênero do discurso. Esta pesquisa parte do pressuposto de que as teorias discutidas no meio acadêmico não são corretamente aplicadas ao ensino; em função disso, o objetivo desta pesquisa é verificar se as tarefas de escrita do livro didático de língua portuguesa adotado pelo Programa Nacional do Livro Didático, do curso Integrado do IFRS, Campus Restinga, refletem a língua em uso, ou a língua em abstração. Os dados da pesquisa são as tarefas de escrita do livro didático e os textos escritos pelos alunos de primeiro ano das turmas do Integrado do IFRS, Campus Restinga. Partindo do método qualitativo, os procedimentos metodológicos incluem análise e aplicação das tarefas de escrita, com base nos critérios de contextualização da situação de produção dos gêneros do discurso, e avaliação dos textos produzidos. Os resultados parciais revelam que a maioria das tarefas de escrita do livro didático analisado não reflete a língua em uso por não especificar adequadamente, nos enunciados das tarefas, os elementos da situação de produção de cada gênero do discurso. Com isso, a maioria dessas tarefas acaba refletindo uma concepção abstrata de língua, privilegiando a escrita da norma culta padrão, de forma descontextualizada, e não a adequação ao gênero discursivo proposto. Um dos benefícios desta pesquisa é mostrar, para professores de línguas do Campus Restinga, quais tarefas de escrita refletem a língua em uso e por quê. Os resultados parciais indicam a necessidade de mais pesquisas sobre a construção de materiais didáticos de língua portuguesa que explicitem as especificidades de cada situação de interação.