Última alteração: 23-09-2024
Resumo
Porto Alegre apresenta uma vulnerabilidade natural para eventos de alagamentos e inundações, que frequentemente atingem as áreas próximas ao Lago Guaíba, Rio Gravataí e planícies aluviais dos arroios. Somada a esses fatores naturais, o alto grau de modificação do uso do solo, impermeabilização e ocupação urbana tornam o território ainda mais vulnerável. Diversos episódios de precipitação extrema foram registrados ao longo da história da capital, levando a elevação do nível do Guaíba e causando inundações, tais como no ano de 1941, 1967, 2015 e 2016. O ano de 2023 registrou dois eventos de precipitação extrema, nos meses de setembro e novembro, que afetaram várias regiões do Estado. O evento de setembro foi o responsável pela devastação de municípios ao longo do rio Taquari. O objetivo principal deste estudo é analisar os eventos de precipitação extrema ocorridos em Porto Alegre-RS nos meses de setembro e novembro de 2023, conhecer as suas características, repercussões territoriais e danos à população. O trabalho foi realizado a partir de dados de precipitação diárias e mensais da estação meteorológica de Porto Alegre, do Instituto Nacional de Meteorologia-INMET, análise de cartas sinóticas e imagens de satélite, além de boletins publicados em sites institucionais e levantamento das repercussões do evento através de notícias veiculadas na mídia. Com base na coleta de dados da estação selecionada, identificou-se um volume de precipitação total de 394,8 mm em setembro, e de 343 mm em novembro. No mês de setembro foram 21 dias com registros de precipitação, e o volume máximo diário foi de 52,6 mm, no dia 04. Já em novembro foram 15 dias de chuva, com a precipitação máxima diária foi de 90,8 mm, no dia 12. Com o nível do Guaíba ultrapassando a cota de inundação no Cais Mauá, tanto em setembro, quanto em novembro, a prefeitura fechou as comportas de proteção para evitar que o Centro Histórico fosse invadido pela água. Os bairros Navegantes, Quarto Distrito, Ipanema, Lami e Arquipélago, por não possuírem sistema de proteção contra cheias, acabaram sofrendo com inundações. Uma vez que o território de Porto Alegre é extremamente vulnerável a esse tipo de evento, cabe um contínuo monitoramento dos seus sistemas de proteção contra inundações, além de um planejamento estratégico para o enfrentamento desses eventos. Sabe-se também, que pela configuração do relevo e bacias hidrográficas, há que se considerar a precipitação que ocorre nas bacias hidrográficas que deságuam no Guaíba, para entender e monitorar o risco de impactos. Observa-se que as populações mais afetadas são aquelas mais vulneráveis, seja por habitar em áreas de risco, como também por suas comunidades não terem uma infraestrutura adequada no que se refere à moradia e sistemas de drenagem.